15 de novembro de 2012 | 02h12
Se as eleições americanas fossem um filme do Frank Capra o enredo seria simples e cativante: mais uma vez políticos sem escrúpulos e os lóbis do dinheiro eram derrotados pelo homem comum, no caso minorias que não se deixaram levar por campanhas milionárias e mesmo com muito menos recursos reelegeram o candidato da solidariedade e da justiça. O filme poderia terminar com o Karl Rove - que além de tudo tem o físico para o papel de "gato gordo" - vociferando contra o resultado. Mas o Frank Capra já morreu e não fazem mais filmes como os dele. Romney mobilizou uma quantidade fabulosa de dinheiro, mas parece que o Obama mobilizou ainda mais. Desde que a justiça americana permitiu que empresas doassem dinheiro para campanhas eleitorais como se fossem pessoas físicas, sem limites, o que havia de disponível para gastar ultrapassava qualquer divisão entre dinheiro bom e ruim, ou nosso e deles. Nunca se gastou tanto numa eleição americana como nesta, e as campanhas foram sujas de lado a lado. Mas o vexame do Karl Rove compensou tudo o que os democratas gastaram.
No dia seguinte, na Fox, um figurão do partido republicano - sim, o Karl Rove de novo, sem nenhum sinal aparente de ter sentido o golpe - analisava a derrota do Romney e recomendava ao seu partido o óbvio, que tentasse conquistar as minorias que deram a vitória ao Baraca. Ele deve continuar como comentarista do "justo e equilibrado". No filme imaginário do Frank Capra ele talvez terminasse com uma banca de frutas.
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