
26 de junho de 2010 | 00h00
Era o happy end de uma guerra com o pai dela, seu ex-professor de piano, que durou seis anos e só foi resolvida na barra dos tribunais. Eles viveram um romance arrebatador por uma década. Tiveram seis filhos. Mas a sífilis que ele contraíra aos 20 anos e outros problemas mentais o levaram a um grave transtorno bipolar. Robert atirou-se no Reno em pleno inverno, tentando se matar, em janeiro de 1854; foi internado num sanatório, onde morreu em 29 de julho de 1856.
Muito mais do que Chopin, Schumann encarnou a figura do compositor romântico por excelência, atitude novíssima no início do século 19. Antes, os compositores imitavam a natureza, agora queriam traduzir os sentimentos. Schumann realizou, em sua música instrumental, o ideal de Liszt de que "a música é uma linguagem poética mais apta do que a própria poesia para exprimir o que atinge as profundezas inacessíveis". Os românticos propuseram, assim, uma nova forma de escuta da música.
Entre 1829 e 1839, fase de namoro com Clara, Robert mostrou isso ao piano, nos ciclos pianísticos construídos com quase-fragmentos, como Cenas Infantis. Ao todo, 29 obras, várias entre as mais célebres, como Papillons, Danças dos Companheiros de David e Carnaval.
Foi mais longe, unindo música e poesia em cerca de 250 lieder. Entre eles um dos mais celebrados e geniais ciclos de canções da história da música, Dichterliebe, ou O Amor do Poeta, opus 48, considerado por muitos o mais perfeito ciclo de canções. Transportou este ideário para a música de câmara, com três quartetos de cordas e o quarteto e o quinteto para piano e cordas, suas obras mais conhecidas no gênero; as quatro sinfonias, um mundo que só passou a frequentar na maturidade; e as muitas obras corais-sinfônicas, hoje pouco executadas.
Limbo. As muitas comemorações pelos 200 anos de nascimento de Chopin jogaram no limbo o fato de que Schumann também nasceu em 1810.
Coitadas das artes que dependem das efemérides para atrair público. A música clássica é talvez a que mais se serve desta muleta para construir suas temporadas de concertos.
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