Saramago pede coragem diante da nova era Bush

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Prêmio Nobel de Literatura José Saramago pediu aos latino-americanos que se "armem de força, coragem e valentia", para suportar as ações que vão atingir a região durante os próximos quatro anos de mandato do presidente norte-americano George Bush. O escritor português se mostrou pessimista com relação à política exterior de Bush e sustentou que se deve "ter muito em conta as ambições, assim como os atos do presidente norte-americano". Disse que "seguramente" a América Latina vai sofrer no novo período. Saramago, de 82 anos, se declarou um esquerdista por "convicção" e não ocultou sua simpatia com o fortalecimento dos governos de esquerda na América Latina, como o de Hugo Chávez na Venezuela. "O que aconteceu aqui é que Chávez soube encontrar a linha que segue reta ao coração dos venezuelanos", comentou o prêmio Nobel de Literatura de 1998, durante uma entrevista coletiva. Fustigou a oposição venezuelana, assinalando que foi "incapaz de compreender" a vontade do povo que se expressou em sete eleições nos últimos seis anos, a favor do projeto político de Chávez. Ao ser consultado sobre o último romance do colega colombiano Gabriel García Márquez, Memoria de Mis Putas Tristes, disse que lhe pareceu "muito divertida" e "muito bem feita". Brincou com o título da obra, imaginando um leitor chegando na livraria e perguntando sobre o livro das "minhas putas". Confessou, rindo, que lhe parecia difícil que um velho de 90 anos, pudesse ter relações sexuais, acrescentando que foi "resultado da mente" do colega. Saramago iniciou ontem sua visita de dois dias a Caracas para participar do lançamento na Venezuela de seu livro Ensaio sobre la Lucidez. Em um acontecimento inédito no país, o vice-presidente venezuelano José Vicente Rangel, que foi jornalista antes de ingressar em 1999 no governo de Chávez, fará uma entrevista com Saramago, hoje, para a televisão estatal. O escritor fará ainda uma conferência como parte dos preparativos para o Encontro Mundial de Intelectuais e Atores em Defesa da Humanidade, que acontecerá em Caracas entre 1.º e 5 de dezembro, reunindo o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, o poeta nicaragüense Ernesto Cardenal e o ator norte-americano Danny Glover.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.