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São Paulo vai ganhar três novos grandes teatros em 2014

Localizados na mesma região, novos teatros somam cerca de 3 mil lugares

Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Se a produção teatral só faz crescer – em 2013, São Paulo teve uma média de 400 estreias –, as salas de espetáculo não acompanharam esse fluxo da mesma maneira. Com poucos palcos disponíveis, especialmente para as grandes produções, as temporadas se tornam cada mais curtas. A ponto de se criar uma perversa contradição na cidade: mesmo com casa cheia, muitas montagens precisam fechar as cortinas mais cedo para ceder lugar a outros títulos.

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Observado esse panorama, chama atenção a criação de três teatros, que devem ampliar em quase 3 mil poltronas a oferta atual. Outro dado curioso, todas essas salas estarão situadas em um raio de pouco mais de 2 km²: no Shopping Vila Olímpia, com previsão de 800 lugares, no Shopping JK Iguatemi, para 1.200 pessoas, e no cruzamento entre a Avenida Faria Lima e a Rua Leopoldo de Magalhães, para até 700 espectadores.

A despeito da imensa quantidade de lojas e restaurantes do entorno, que engloba o Itaim Bibi e a Vila Olímpia, essa não é uma região pródiga em equipamentos culturais. Um dos poucos teatros da região, o Cultura Artística Itaim fechou as portas recentemente. Esses novos empreendimentos, porém, surgem intrinsecamente ligados a centros de compras e/ou negócios.

Os americanos já dizem ‘no parking no business’. É mais ou menos assim. Sem estacionamento garantido, o público hoje não vai a lugar nenhum”, comenta Frederico Reder, à frente do projeto do teatro que ocupará o quinto andar do Shopping Vila Olímpia. “As pessoas querem segurança, conforto, a oferta de um restaurante para ir depois do show.” No Rio, Reder foi responsável pela reabertura do antigo Tereza Rachel, batizado de Teatro Net Rio.

Com custo estimado de R$ 30 milhões e abertura prevista para o primeiro semestre de 2014,o teatro ainda está fechando contrato com apoiadores, que devem inclusive ter direito de nome sobre o espaço. Mesmo com esses trâmites ainda em negociação, boa parte da programação já está definida. Um show inédito de Gilberto Gil cantando o repertório de João Gilberto será a atração da “soft opening” do espaço. “Gil já topou e será uma oportunidade de testar se tudo está funcionando a contento”, comenta Frederico Reder. Já para a inauguração de fato, a intenção é homenagear os 70 anos de Chico Buarque. Serão apresentadas novas versões de seus três mais conhecidos musicais: O Grande Circo Místico, com direção de João Fonseca e Tiago Abravanel no elenco; A Ópera do Malandro, encenada por João Falcão, e Os Saltimbancos, de Caca Mourthé. Também estão previstos shows com diversos intérpretes do compositor e uma exposição que dê conta dos momentos mais marcantes da carreira do artista.

Além da localização – o que deve impulsionar o surgimento de uma nova zona de espetáculos na cidade –, esses “megateatros” também reúnem outras características comuns. Todos serão espaços multiuso, que podem ser usados para apresentações de teatro, música, dança. Na Avenida Faria Lima, o Teatro do Edifício B32 foi concebido como espaço flexível. Diferentes usos são possíveis graças ao investimento em tecnologia. “O teatro contará com um sistema de ajuste acústico idêntico ao do novo Alice Tully Hall, em Nova York. E a infraestrutura inclui fibra ótica, capacidade de gravação de imagem em alta definição e áudio em meio digital”, esclarece José Augusto Nepomuceno, consultor para questões técnicas e acústicas.

Além da sala de espetáculos, o projeto do arquiteto Eiji Hayakawa conta com mais três ambientes: uma área sobre pilotis que será usada para eventos e exposições, o foyer e uma praça suspensa. Diferentemente dos teatros em shoppings, essa sala foi concebida como parte de um grande complexo de escritórios e é a única a relacionar-se diretamente com o espaço urbano. “Quando o prédio foi concebido, surgiu a oportunidade de se criar um grande espaço aberto, desenhado como uma verdadeira praça. O espaço clamava por um equipamento público e aí surgiu a ideia do teatro”, observa Rafael Birmann, responsável pela incorporação de todo o projeto.

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Orçado em R$ 60 milhões, o prédio não prevê a utilização de leis de incentivo à cultura, mas se vale de um benefício da legislação municipal que desconta a área do teatro do total construído. “Isto significa que os proprietários não perdem área no seu projeto, arcando apenas com os custos da construção”, aponta Birmann, que prevê o início das obras em 2014 com conclusão em 2017.

Bem próximo dali, a construção do Teatro do Shopping JK já começou. Teve início em 2012 e utiliza a área do antigo prédio da Daslu. A construtora promete anunciar a data de abertura apenas em janeiro. Além da capacidade de receber espetáculos e shows de grande porte, o empreendimento pretende atrair os numerosos eventos do mundo corporativo.

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