São Clemente abre desfile no Rio com homenagem à família real

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Por FERNANDA EZABELLA E DENISE LUNA
Atualização:

Uma homenagem à chegada da corte portuguesa ao Brasil deu início aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro na noite de domingo, com a travesti Rogéria liderando a São Clemente no papel de dona Maria, a Louca, mãe de dom João 6o. Ela apareceu na comissão de frente vestida como rainha, de preto e amarelo, cores da escola, roubando a cena de dom João, que trouxe sua família ao Rio de Janeiro há 200 anos, fugindo de Napoleão. "Foi a coisa mais difícil que eu já fiz na avenida, pela primeira vez eu saio puxando literalmente a escola", disse Rogéria à Reuters ao final do desfile. "Fiz tudo para parecer uma louca, só não cocei o cabelo porque estou com breu e álcool, que era o laquê dos anos 1960." Para Mauro Quintaes, um dos carnavalescos da escola, "a loucura nos favorece em tudo", disse ele, explicando a ênfase que dona Maria ganhou na avenida e até mesmo no refrão do samba. "Dá para fazer tudo na loucura", afirmou. A São Clemente, agremiação de Botafogo, única da zona sul no Grupo Especial, abusou das fantasias históricas, às vezes um tanto pesadas, com muito pó de arroz no rosto dos foliões e peruca branca, como nos velhos tempos. O peso das roupas, no entanto, acabou causando desmaios. Uma mulher de cerca de 60 anos, da ala das baianas, desmaiou ao final e teve que ter sua fantasia toda rasgada para poder respirar melhor e ser levada de maca ao posto médico. Mas a sisudez das roupas não impediu a escola de continuar com sua famosa irreverência. Homens vestidos de frango assado, prato predileto de dom João, desfilaram em cima de um carro alegórico. E, como alívio ao Carnaval cheio de roupa, apareceram duas mulheres, uma completamente nua, abrindo alas para o carro alegórico em homenagem aos índios. "Foi um grande espetáculo, conseguimos fazer um Carnaval didático e alegrar", disse o carnavalesco Mauro. "Ficar no Grupo Especial já é uma grande vitória." A noite na Marquês da Sapucaí começou um pouco antes, com a passagem simbólica do rei Momo. Ele também estava vestido como dom João, em uma grande carruagem, em mais uma homenagem aos 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Brasil.

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