Salamandra lança no Brasil livros de Katherine Paterson

Vencedora do Hans Christian Andersen, a escritora norte-americana deixa as emoções fluírem em Ponte para Terabítia

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Por Agencia Estado
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Katherine Paterson nunca sonhou em ser escritora. Quando era menina, lá pelos seus 10 anos, queria ser missionária ou então uma estrela de cinema. Sonhos de criança. Com apenas 20 anos, casou-se com um pastor presbiteriano, teve filhos e seguiu a vida de dona de casa. Sem jamais pensar em escrever. Um hábito de criança permaneceu: Katherine sempre foi uma leitora voraz, mergulhou no mundo dos livros aos 5 anos. Lembra-se de ter escrito uma carta endereçada ao pai. "Escrevia o que gostava de ler: ficção", conta. Katherine recebeu o prêmio mais importante da literatura infanto-juvenil, o Hans Christian Andersen, como a escritora brasileira Ana Maria Machado que traduziu Ponte para Terabítia, Duas Vidas, Dois Destinos e O Mestre das Marionetes, que a Salamandra lança no Brasil. Sua primeira publicação foi um verso simples em um jornal de uma escola norte-americana em Shangai. Katherine começou a escrever efetivamente após o nascimento do primeiro filho. "A igreja me pediu para escrever histórias para as crianças. Eu escrevi por uns sete anos, publiquei alguns contos, antes de editar meu primeiro romance." Mesmo sem planejar uma carreira literária, a escritora conquistou reconhecimento internacional. "Os prêmios me surpreenderam. No caso de Ponte para Terabítia, soou como um milagre uma obra com um tom tão pessoal atravessar barreiras de idade, raça, nacionalidade, línguas e falar tão profundamente aos corações. Eu ainda estou muito emocionada com tudo isso." Ponte para Terabítia, como outros livros da autora, traz uma história envolvente, que trata com delicadeza e profundidade uma passagem complexa da vida, a adolescência. Jess Aarons é um garoto de 10 anos, que vive em uma comunidade rural e o seu sonho é ser campeão de corrida da escola. Tudo ia muito bem até aparecer uma certa menina chamada Leslie Burke. No início, Leslie é uma ameaça, uma corredora novata que veio para desafiá-lo. Aos poucos Jess descobre que a garota não é tão má assim, tem algo diferente das meninas do lugar. Os dois tornam-se amigos e criam um mundo mágico, localizado entre árvores, só deles, o reino de Terabítia, onde reinam soberanos. Ali não há nenhum professor monstro, zombaria de colegas, nem medos. Neste livro, Katherine fala sobre a beleza da amizade e a dificuldade de um jovem em lidar com as tragédias da vida. "Este foi um livro muito difícil de ser escrito por dois motivos. Primeiro, porque recebi o diagnóstico de um câncer. Segundo, porque a melhor amiga de meu filho caçula morreu. Esses fatos me abalaram profundamente, estava em um ponto da história em que a personagem Leslie Burke poderia morrer, então achei melhor parar de escrever para mantê-la viva", explica. A autora conta que só terminou o livro porque uma grande amiga a incentivou. "Foi delicado chegar ao fim da história e concluí-la. No entanto, o livro me deu forças e me ajudou muito." A autora transfere os sentimentos marcantes de sua vida para as palavras. "O sentido da minha vida está vivo nos meus livros, mas os personagens e as situações são fictícias. Não existe um discurso autobiográfico, porém eles sempre refletem meus pensamentos." No caso de Ponte para Terabítia, a tragédia que atingiu sua família está expressa muito mais pelos sentimentos de seu filho, do que pela descrição de como as coisas aconteceram. "Eu não posso falar dos sentimentos do meu filho, sei apenas dos meus para escrever sobre eles. Então, na verdade, Jess e Leslie dizem muito a meu respeito." Mesmo com sólida formação religiosa, Katherine foge do proselitismo. "Os seus livros representam o que você é. Não passo nenhuma mensagem religiosa; isso seria caracterizado como propaganda, não como ficção."

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