No Brasil, a definição do que são esquerda e direita naturais se complica porque vivemos numa espécie de salada ideológica de difícil explicação, para qualquer idade. O PT foi uma esquerda palatável no poder até que deixou de ser. O conservadorismo dominante engoliu o PT do sapo barbudo, como o Brizola chamou o Lula, mas não o digeriu. Na primeira oportunidade – provocada pelos escândalos do próprio PT –, regurgitou-o, e não para de regurgitá-lo. Enquanto isto, Dilma e Levy fazem um governo de direita, baseado no modelo de austeridade que martiriza a Europa, onde responsabilidade fiscal é outro nome para irresponsabilidade social. A política de direita do governo está sendo sabotada por um congresso rebelde liderado por um conhecido líder da esquerda, chamado, deixa ver... Eduardo Cunha?!
A salada é tamanha que você pode até lançar a tese de que, com a Operação Lava Jato, está em curso o maior ataque ao capitalismo brasileiro de todos os tempos, com a investigação e a prisão de empresários que, com o sucesso internacional das suas empreiteiras, são ícones do nosso capitalismo de compadres. E viviam prósperos e em paz, formando seus cartéis, fraudando licitações, comprando políticos – enfim, o normal – até aparecer esse agitador comunista Sérgio Moro, trazendo a desordem.