Sai no Brasil "Os Invictos", de Faulkner

A última história divertida de William Faulkner, um dos grandes escritores norte-americanos, será lançada em fevereiro, sobre a aventura da viagem de um menino de 11 anos e dois adultos

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Por Agencia Estado
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Quando o escritor norte-americano William Faulkner (1897-1962) morreu, o New York Times publicou, em seu obituário: "Os escritos do sr. Faulkner mostram uma obsessão por assassinato, estupro, incesto, suicídio ganância e depravação em geral que não existe em lugar algum, a não ser na mente do autor." Faulkner era também um obcecado pelo estilo (por hora, vamos deixar de lado seus conhecidíssimos problemas com a bebida) e criou uma linguagem própria para construir sua comédia humana do sul dos Estados Unidos. A obsessão estilística não deixa de estar presente em Os Invictos (Arx, 320 págs., R$ 38), o seu 19º romance, publicado no ano de sua morte - a obra sai em fevereiro no Brasil, pela primeira vez. Mas, quanto às outras, a obra escapa um tanto da definição do jornal. The Reivers, seu título original, vem de uma palavra do escocês arcaico que designa ladrões, mas que poderia muito bem ser traduzida por malandros, de acordo com o espírito do livro. Trata-se um romance divertido, em que a alegria contrasta radicalmente, por exemplo, com o Faulkner de Enquanto Agonizo, também lançado pela Arx e também traduzido por Wladir Dupont. O ano, não se esqueça, avisa o próprio William Faulkner, é 1905. Em Jefferson, Mississippi, que integra o condado fictício de Yoknapatawpha, vivem Lucius, um menino de 11 anos, mas já em plena atividade econômica ("a premissa do pai era esta: qualquer homem adulto digno poderia manter bem seus quatro filhos contanto que um deles, de preferência o maior, levasse nas costas o fardo das atividades econômicas indispensáveis"). Seu avô, um homem que apresenta uma boa dose de resistência às novidades, acaba decidindo comprar um carro, por uma necessidade puramente local. Todos os dias, para que o motor não quebre, o veículo dá uma volta, e as pessoas que entram no carro têm de usar um estranho equipamento. O carro, no caso, também é um protagonista do romance, mas é a trajetória do garoto e de seu amadurecimento que dão sentido à história. Isso porque o carro do avô de Lucius será roubado, pelo menino e pelos seus cúmplices: o primo Boon Hogganbeck ("ele era forte, leal, corajoso e completamente irresponsável; media um metro e noventa, pesava 110 quilos e tinha a mentalidade de uma criança; mais de um ano antes o pai já começara a dizer que a qualquer momento eu superaria Boon") e um outro personagem, chamado Ned McCaslin ("eu tenho tanto direito de viajar quanto você e Lucius"). Eles partem em uma viagem em direção a Memphis Tennessee. O livro foi adaptado para o cinema em 1969, com Steve McQueen no papel de Boon, por Mark Rydell. Em português, recebeu o título de Os Rebeldes.

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