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Saem quatro livros de poesia de uma vez

Quatro poetas de linhas e gerações diferentes lançam seus livros por iniciativa do editor Sérgio Cohn, editor da revista Azougue. Entre eles, Afonso Henriques Neto, que é neto do simbolista Alphonsus de Guimaraens

Por Agencia Estado
Atualização:

Para quem acredita que escrever poesia é coisa de malucos, maluquice maior será editar poesia. Mas Sérgio Cohn, que não é nada disso, resolveu juntar as duas coisas. Além de poeta, agora também é o editor da Azougue, que promove o lançamento de 4, sim, quatro livros de uma vez: O Gerifalto, de Celso Luiz Paulini, Ser Infinitas Palavras, de Afonso Henriques Neto, A Vida É assim, de Alberto Pucheu, e A Sombra do Leopardo, de Claudio Daniel. Será nessa quarta-feira, no Centro Universitário Maria Antônia (R. Maria Antônia, 294), a partir das 19h30. Por que a sandice?, perguntariam os preconceituosos com a irresponsabilidade de sempre. Porque, Cohn afirma, ao contrário do lugar-comum: poesia vende. O que falta é disposição das editoras para isso. No plano internacional há os grande exemplos da City Lights, fundada pelo beat Lawrence Ferlinghetti e a Black Sparrow, ambas da Califórnia. Esta surgiu como editora alternativa e hoje funciona como empresa respeitável, publicando livros que seriam recusados por outras casas. Há certos casos de má-fé, em que a editora, sob o chavão do não vende, só publica se o autor financiar a tiragem, o que faz a fundo perdido, pois jamais verá a prestação de contas. Quando isso acontece, forma-se o círculo vicioso: o livro já está no azul desde a saída, para que trabalhá-lo comercialmente? Cohn parte da própria experiência com a revista Azougue, de poesia. Segundo ele, a revista vende em média 600, 700 exemplares em livrarias. Pode não impressionar quem está acostumado com dezenas de milhares, mas vale pela amostragem: "É só poesia, o que garante que existe interesse. O problema é o acesso aos livros. Estou tentando reverter o problema do acesso via Internet." Na sua aventura, ele decidiu trocar São Paulo pelo Rio, onde instalou a editora. A respeito da produção atual, destaca a "ausência de escolas e vanguardas", o que abriu espaço para "qualidade e variedade muito grande". E assinala, respeitando as exceções, que sua geração foi a primeira a ler sem problemas Piva, Gullar e os concretos. "A poesia agora está num campo aberto, já se foi o trabalho da montanha, agora é o trabalho da planície." Nessa planície estão os autores que lança hoje, muito diferentes um do outro. Afonso Henriques Neto, de Belo Horizonte nasceu em 1944, neto do simbolista Alphonsus de Guimaraens; o paulista Luiz Paulini, poeta e dramaturgo, morreu em 92 aos 62 anos, deixando três volumes de poesia; Alberto Pucheu, carioca, nasceu em 66, e esse é seu quinto livro, sendo vinculado ao grupo de poetas-filósofos como Adélia Prado, Antonio Cícero, Orides Fontela e Rubens Rodrigues Torres Filho; e o paulistano Claudio Daniel, considerado um dos mais talentosos nomes que se afirmam, já foi mais influenciado pelo concretismo e encontra caminhos próprios. Ele recebeu o prêmio Redescoberta da Poesia Brasileira, da revista Cult.

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