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Rushdie deixa presidência do PEN e critica intolerância

Salman Rushdie vai se despedir da Presidência do PEN Club dos Estados Unidos durante o Festival Internacional de Literatura no fim de abril

Por Agencia Estado
Atualização:

"Fé e Razão" será o tema do Festival Internacional de Literatura do PEN Club dos Estados Unidos deste ano, de 25 a 30 de abril, em Nova York em que Salman Rushdie vai se despedir da Presidência da organização, aproveitando para mais uma vez protestar contra a intolerância. Também participam do festival os prêmios Nobel como a sul-africana Nadine Gordiner e a americana Toni Morrison, e narradores de forte apelo comercial, como o britânico Martin Amis, assim como o espanhol Jorge Semprún e o mexicano Juan Rulfo. O escritor queria contar com a presença do teórico muçulmano Tarik Ramadan no evento. Mas Ramadan não pode entrar nos EUA desde 2004, quando havia sido convidado para trabalhar na Universidade de Indiana mas seu visto foi negado pelo Governo americano. Washington usou a Lei Patriota para justificar o veto, criticado pelo PEN Club. A associação apresentou uma queixa contra a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o secretário de Segurança Nacional, Michael Chertoff. "Acho que faltarão vozes conservadoras, como a de Ramadan", lamentou Rushdie ao jornal The New York Times. O Governo americano acusa Ramadan, um suíço de origem egípcia, que é neto do fundador da organização Irmãos Muçulmanos, Hassan Al Banna, de simpatizar com o fundamentalismo islâmico. "O caso de Ramadan mostra que a Lei Patriota e outras políticas e leis posteriores aos atentados de 11 de setembro de 2001 aumentaram o isolamento dos EUA, quando o diálogo internacional é mais importante que nunca", ressaltou Rushdie, no comunicado que divulgou ao apresentar a queixa contra Rice e Chertoff, em janeiro. Mas não vão faltar vozes polêmicas. Como a do romancista turco Orhan Pamuk, encarregado de abrir o evento. Nascido em 1952 em Istambul e um dos principais autores de ficção de seu país, Pamuk foi absolvido em janeiro da acusação de "insultar a identidade turca". As autoridades de Ancara o processavam por defender os direitos dos curdos. Painéis com títulos como Ídolos e Insultos: Escritura, Religião e Liberdade de Expressão vão debater o tema principal, um dos mais importantes para Rushdie. Muçulmano de origem indiana, ele é um ativo militante contra a intolerância desde que o aiatolá Khomeini - criador da República Islâmica do Irã - promulgou uma "fatwa" e o condenou à morte. Rushdie, autor de Versos Satânicos - livro que Khomeini considerou "blasfemo" - vai encerrar o seu mandato de dois anos à frente do PEN Clube dos EUA para, segundo disse, dedicar-se mais a sua obra e preparar seu décimo romance. Ron Shernov, biógrafo de personagens históricos americanos, será o substituto de Rushdie. Ele foi eleito em março pelos cerca de 3 mil membros do Pen Club americano.

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