23 de novembro de 2012 | 11h26
No filme, que entra em cartaz nesta sexta-feira, Mocarzel não recorre a entrevistas - instrumento usual para documentaristas. Toda a palavra que surge ao longo dos 71 minutos da obra é acidental, circunstancial.
Câmeras e microfones estão direcionados a captar a árdua rotina dos bailarinos: ensaios intermináveis, aulas, as inquietações diante dos erros, a felicidade de encontrar as possibilidades do corpo. Além de flagrar a intensidade com a qual se doam durante esse percurso.
Toda a narrativa que perpassa a criação apoia-se em Polígono, de Alessio Silvestrin. Primeira criação coreográfica do grupo, a peça é decomposta em suas muitas etapas de produção. Desde o momento de familiarização dos intérpretes com sua proposta até o momento de sua apresentação final.
A maior parte dos recursos para a realização do filme vieram de recursos estaduais: um patrocínio de cerca de R$ 75 mil, da Sabesp. Criada em 2008, a São Paulo Cia. de Dança também é mantida pelo governo do Estado de São Paulo.
Ao abdicar do verbo, Mocarzel também se lança em um território que não é comandado pela lógica linear. O caminho percorrido desde a sala de ensaio até a apresentação diante do público não tem um sentido evolutivo. Não se parte necessariamente do menor para o maior, do que nasce imperfeito para um resultado pleno de significado e livre de falhas.
O processo de criação artística se dá entre tropeços e alumbramentos. Iluminações que, neste caso, partem do corpo. Closes em braços, pernas, pés, ombros. Mecanismos de construção da beleza, mas também os limites a serem transcendidos.
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA - Direção: Evaldo Mocarzel. Gênero: Documentário (Brasil/2010, 71 min.). Classificação: Livre.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo
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