
30 de março de 2012 | 03h09
De fato, o próprio Rothko cansou de estabelecer relações entre a sua arte abstrata e os mestres antigos, tendo mesmo buscado inspiração em Fra Angelico (1387-1455) para criar uma pintura capaz de cruzar a fronteira estética e ganhar uma dimensão espiritual.
Criado num ambiente familiar intelectualizado, na Rússia ainda czarista, ele seria levado, ainda na juventude, em Nova York, a ver na arte uma possibilidade de expressão religiosa (que culminaria na construção da Capela Rothko no Texas, concebida como local de peregrinação artística).
Até nela o espírito de Matisse (que também criou uma capela) esteve presente. O francês viria a ser a referência máxima das pinturas abstratas de Rothko. No entanto, esse compromisso espiritual com a arte o tornou incapaz de aceitar o cinismo da pintura pop, retrato autoparódico de uma sociedade moderna e laica. Deprimido e sentindo-se incompreendido, matou-se em 1970. / ANTONIO GONÇALVES FILHO
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.