Rossini encerra série de óperas no Teatro Municipal

<i>A Italiana em Argel</i>, em cartaz até o dia 1.º de julho, finaliza ciclo do teatro

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Por Redação
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O Teatro Municipal encerra a partir desta sexta-feira, 22, com uma nova produção de A Italiana em Argel, de Rossini, o projeto A Comédia na Ópera, realizado ao longo do primeiro semestre. À frente da Orquestra Experimental de Repertório, o maestro Jamil Maluf comanda o elenco encabeçado por Luisa Franceschoni, Andre Vidal, Stephen Bronk, Douglas Hahn e José Gallisa, com concepção cênica de Hugo Possolo. A Italiana é a 11.ª ópera de Rossini, que a escreveu com apenas 21 anos ao longo de pouco mais de 20 dias. Produzi-la é um projeto antigo do maestro Maluf, que havia pensado no título para dar continuidade, há três anos, à série de óperas que a Experimental de Repertório realizava no Teatro Alfa. "A série acabou e arquivamos o projeto, também à espera de vozes ideais para este tipo de repertório", conta o maestro. Uma das mais divertidas comédias de Rossini conta a história de Mustafá, o bey de Argel, que quer se livrar de sua esposa Elvira e, para tanto, tenta convencer Lindoro, italiano aprisionado em suas terras, constantemente sonhando com a amada que deixou em sua terra natal, a casar-se com ela - se o fizer, ganhará como prêmio de consolação a chance de voltar à Itália. Mas eis que um navio vindo da Europa naufraga e, entre os sobreviventes, está a jovem Isabella, por quem Mustafá logo se apaixona. É isso mesmo: Isabella, logo a gente descobre, é a amada de Lindoro. Os dois passam a arquitetar uma maneira de ficar juntos, enquanto Elvira espera que, ao ser enganado por Isabella, Mustafá volte para ela. Nem sempre dramáticas A trama se presta perfeitamente ao temperamento de Rossini, que cria aqui algumas de suas cenas mais célebres, como o final do primeiro ato, em que os cantores usam onomatopéias em vez de palavras. "Sempre que vou interpretar Rossini, a minha primeira preocupação é com a edição da partitura", diz Maluf. "Suas obras sofreram muito, ao longo dos anos, com acréscimos e mudanças feitas por maestros e editores. Nas últimas décadas, no entanto, a Fundação Rossino de Pesaro tem se dedicado a contratar especialistas para preparar novas edições das partituras. Isso é importante não apenas porque nos aproxima das intenções originais de Rossini. Na "Italiana", por exemplo, é fundamental, porque muda toda a nossa percepção da música e do balanço entre as vozes e a orquestra. Rossini escreve para vozes muito específicas, nem muito leves, nem muito pesadas, com um certo metal, o que exige um acompanhamento muito específico da orquestra." Ao longo do primeiro semestre, o Municipal de São Paulo programou apenas óperas. Começou com A Filha do Regimento, de Donizetti, seguiu com O Chapéu de Palha de Florença, de Nino Rotta, e agora a série termina com A Italiana em Argel. Por quê? "A idéia, na verdade, era mostrar como a ópera não trata apenas de histórias dramáticas, que envolvem quase sempre a morte de alguém no final", diz Maluf, que, além de reger a Experimental de Repertório, é também diretor-artístico do Municipal. E, com o fazer rir com a ópera? "As óperas cômicas têm histórias muito mais complicadas, confusas, intrincadas, que as dramáticas. Num drama, muitas vezes você sabe que caminho a história está seguindo, que alguém vai morrer, etc. Mas em uma comédia como A Italiana tudo pode acontecer". O segredo, diz, está no timing, no tempo da comédia. "Rossini nos oferece diversos grandes momentos de comédia. Nossa função é dar ritmo ao espetáculo e aproveitar ao máximo as possibilidades sugeridas pelo compositor. Essa, aliás, acho que é a grande qualidade da montagem do Hugo. Ele não vem da ópera, vem do circo, do teatro. Mas soube entender muito bem as sugestões da obra e surpreende o público a todo instante com sua concepção." A Italiana em Argel. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, 11-3222-8698. Sábado, 2.ª, 4.ª e 6.ª, 20h30; dia 1.º/7, 17 h. R$ 20 a R$ 40 (dia 25, R$ 10 a R$ 20). Até 1.º/7

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