Ronaldo Fraga encerra SPFW com desfile em homenagem à memória

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Por FERNANDA EZABELLA
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O estilista mineiro Ronaldo Fraga comemorou sua 25a coleção em um desfile repleto de memórias, na última apresentação do São Paulo Fashion Week, na noite de segunda-feira. O estilista montou uma espécie de "jardim ou quintal de memórias" na passarela, onde um varal trazia quase uma centena de réplicas em tule branco de vestidos de coleções anteriores. Também havia árvores estilizadas sem folhas, com pequenos pontos de luz nas extremidades. "Essa coleção se chama 'Loja de Tecidos', mas é mais uma desculpa para falar de memória", disse Fraga à Reuters. "Muito do que eu conheço de tecido vem da experiência da loja de tecidos, onde eu comecei a trabalhar." A coleção trouxe vários tipos de texturas e se transformou praticamente em uma metalinguagem. Um vestido, por exemplo, tinha como estampa os moldes antigos de diversas coleções suas, como as inspiradas em Nara Leão, Zuzu Angel e Lupicínio Rodrigues. Bispo do Rosário também voltou a inspirar Fraga, como em uma peça na qual o estilista aplicou diversos pedacinhos de tecido, cada um com o nome de um tecido escrito, da mesma forma como fazia o artista em suas obras. Em outra criação, um vestido preto sem manga, na altura do joelho, ganhou diversos pedaços de tecidos, como um verdadeiro mostruário, com direito a alfinetes bordados. "Queria um inverno acolhedor, delicado, gentil", disse Fraga. "E a loja de tecidos era um espaço onde as pessoas ainda tinham um pingo de autonomia na construção do personagem." BALANÇO FINAL O SPFW terminou após 40 desfiles, protestos de estilistas e a expectativa dos fashionistas com a chegada de grupos de investimento no mercado da moda, que compraram no último mês importantes grifes brasileiras. A britânica Vivienne Westwood visitou o evento para lançar dois modelos de sandálias de plástico e aproveitou para ler seu manifesto contra o consumismo desenfreado. Já a grife Cavalera fez um desfile na margem do rio Tietê, para chamar atenção para os problemas ambientais da cidade. Para a editora de moda Maria Prata, da Vogue Brasil, "fazia tempo que a gente não tinha uma edição tão forte". "Ficou muito claro esse momento que o Brasil está passando de enriquecimento da moda. Dava para ver pelas texturas, pelos acabamentos, pelo visual das roupas", afirmou Prata. A editora Gloria Kalil afirmou que foi uma edição de grandes multiplicidades, embora sem rupturas, nem muitos lançamentos ou tendências. "Foi um inverno onde cada marca foi um pouco olhar seus arquivos, fez um pouco que sempre fez," disse Kalil. "Elas reviraram tudo o que já fizeram e mostraram o que sabem fazer de melhor. E como são empresas muito variadas que compõem o espetáculo do SPFW, as tendências são variadas."

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