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'Rock in Rio' seleciona seus astros

Musical, que será o mais caro no Brasil, teve audições com 600 artistas para definir elenco

Por ROBERTA PENNAFORT - O Estado de S.Paulo
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RIO - Seiscentos atores para 23 personagens - uma relação candidato-vaga digna de um concurso dos mais concorridos. Para fazer parte do elenco de Rock in Rio - O Musical, o espetáculo mais caro da história do teatro brasileiro, com orçamento de R$ 12 milhões, é preciso cantar, atuar, dançar e passar pela avaliação atenta de uma banca de cinco: o diretor, João Fonseca; o autor, Rodrigo Nogueira; a diretora de produção, Aniela Jordan; a produtora de elenco, Marcela Altberg; e a diretora musical, Delia Fischer. Há duas semanas, numa sala do Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no Rio, os 85 selecionados para a última etapa das audições se sucederam em pequenas cenas e interpretando algumas das músicas que possivelmente estarão no repertório: Pessoa Nefasta, de Gilberto Gil; Viva la Vida, do Coldplay; Estoy Aquí, de Shakira; momentos marcantes de diferentes edições do festival carioca de nascimento e internacional por vocação. O resultado sai no próximo domingo. A escolha dessas músicas, cujas letras conduzirão a trama, ainda está sendo finalizada, assim como o texto dos dois atos. Os ensaios começam em setembro. A estreia será em novembro, no Rio. Em meados de 2013, o espetáculo chegará a São Paulo. Vários patrocinadores já estão acertados. "Tudo está em construção. Pode ser o que a gente quiser. Aproveitamos para testar as cenas. Coisas que eu já tinha escrito mudaram por conta das audições", contou, durante um intervalo, Rodrigo Nogueira, dramaturgo da nova geração carioca, convidado por Fonseca (por sua vez, convocado pela produtora Aventura na esteira de Tim Maia, Vale Tudo - O Musical, em cartaz há um ano e visto por mais de 200 mil pessoas). "O Rock in Rio tem um baú muito grande, cada um tem a sua memória", diz o diretor, que só conhecia o festival pela TV até a última edição em Madri, há um mês, quando viajou com a equipe da peça, a convite do organizador, Roberto Medina, parceiro no musical. "Foram quatro edições, milhares de músicas. Não vamos fazer um musical sobre essa história, com covers dos artistas, e sim falar de personagens que têm envolvimento com música em suas vidas". Os protagonistas são Aleph e Sophia. Jovens e colegas na universidade, têm personalidades distintas: ele é retraído, solitário e só consegue se expressar através da música. Ela tem o dom da palavra, é rebelde, e filha do organizador do maior evento de música do mundo. A princípio, a peça não será datada nem localizada geograficamente, mas sabe-se que se trata de um país em crise. Aleph tem esperanças; Sophia não crê em mudanças. Os dois vão ao festival, se emocionam. Aí entra o slogan "por um mundo melhor" e os versos confiantes do tema do Rock in Rio: "Se a vida começasse agora/ e o mundo fosse nosso outra vez..." Nas audições, nomes tarimbados do universo dos musicais nas últimas duas décadas se misturaram a atores menos experientes. Ninguém tem garantias. "É sempre um momento de pânico, uma loteria", brinca Sabrina Korgut, que já teve indicação ao prêmio Shell, por Avenida Q, e é veterana de elencos de Charles Möeller e Claudio Botelho - que estariam à frente do Rock in Rio caso não tivessem com a Aventura em maio. "Não tenho problemas de fazer testes, já fiz uns mil. Não é só o talento que está sendo julgado, tem uma série de fatores", ressalva Bruce Gomlevsky, 20 anos de carreira e consagrado quando viveu Renato Russo no teatro. Beto Vandesteen, que faz O Mágico de Oz, não deixou de ficar nervoso, mesmo com o clima de descontração impresso pela banca, "bem light". "Eu faço questão que seja assim. Como ator, nunca passei em teste na minha vida!", confessa João Fonseca.

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