Roberto Freire lança sua autobiografia

Eu É Um Outro será lançado nesta terça pelo escritor, dramaturgo e terapeuta, que define seu livro como "uma espécie de romance, de muitas aventuras, lutas revolucionárias e encantadas paixões"

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Por Agencia Estado
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O escritor, dramaturgo e terapeuta Roberto Freire não se preocupou em narrar a história de seus 76 anos de vida de forma tradicional, apoiando-se mais no racionalismo e concentrando-se no enumerar de fatos. Preferiu escrever, como bem define, "uma espécie de romance, de muitas aventuras, lutas revolucionárias e encantadas paixões". O resultado é Eu É Um Outro (Edições Maianga, 448 páginas, R$ 39), que será lançado nesta terça-feira, a partir das 19 horas, na Fnac (Avenida Pedroso de Moraes, 858, em São Paulo). A decisão justifica-se pela sua participação direta em diversos fatos da cultura nacional, desde os de boa lembrança (como jurado nos principais festivais de música dos anos 60 e 70) até os que ainda provocam dores e deixaram seqüelas (como as 13 prisões promovidas pelo regime militar que, por conta das agressões, provocaram-lhe descolamento das retinas dos dois olhos, ficando cego durante um ano, mas conseguindo, depois de várias cirurgias, recuperar a visão do lado esquerdo). Escritor, Freire consegue contar a própria história como se apresentasse um romance. É o que lhe permite narrar fatos de uma maneira franca e aberta. "Envergonhava-me tal exposição de tanta sinceridade, mas acabei publicando o livro, lembrando-me de que o poeta Arthur Rimbaud havia afirmado, aos 17 anos, que Eu é um outro", comenta. Paulistano do bairro do Bexiga, Roberto Freire formou-se em Medicina no Rio, contra a vontade - preferia ser escritor. Depois de um período em Paris, voltou ao Brasil em 1955. Logo abandonou tudo pela psiquiatria. Descobriu que não concordava com a teoria freudiana, principalmente com o conceito de instinto de morte. A dissidência tinha também razões políticas, uma vez que, socialista libertário, considerava a psicanálise elitista. Iniciou a carreira de dramaturgo, escrevendo Quarto de Empregada em 1958, seguindo-se Gente como a Gente, dirigida por Augusto Boal. Logo criou a somaterapia, método baseado na criatividade teatral, nos jogos e, sobretudo, na atitude política da antipsiquiatria. Freire trabalhou ainda na lendária revista Realidade da Editora Abril, escrevendo perfis de personalidades como Roberto Carlos e Pelé, além de ganhar um prêmio Esso com a reportagem Meninos do Recife. Escreveu ainda best-sellers como Cléo e Daniel, uma história de amor dos anos 60, além de participar da primeira equipe de redatores da primeira versão do seriado de TV A Grande Família, em 1974. Todas as histórias são narradas com paixão por Freire, de forma a fazer acreditar que aquele "eu" é realmente um outro. Serviço - "Eu É Um Outro". Autobiografia de Roberto Freire. Edições Maianga. 448 páginas. R$ 39,00. Amanhã (11), às 19 horas. Fnac. Avenida Pedroso de Moraes, 858, tel. 3097-0222

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