Risadas Gravadas estréia sábado no Espaço dos Satyros

Enquanto isso, o autor da peça, o argentino Alejandro Robino abre, na quinta-feira, o I Ciclo de Leituras e Debates sobre Dramaturgia Latino-Americana

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Por Agencia Estado
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Difícil explicar a fragilidade do intercâmbio cultural entre países da América do Sul. Um resistente complexo de inferioridade? Ferramentas como a internet podem ser aliados de artista que buscam romper esse ciclo histórico vicioso e empobrecedor, pelo menos no que diz respeito à dramaturgia. No site do Centro latino-americano de Criação e Investigação Teatral é possível entrar em contato com mais de 400 peças teatrais de autores latino-americanos, a maioria inéditas no Brasil. Foi ali que a atriz Patrícia Leonardelli descobriu a peça Risadas Gravadas, de Alejandro Robino, uma entre dezenas desse autor de vasto currículo como dramaturgo, ator, diretor, roteirista e teórico das artes cênicas. O resultado da pesquisa dessa atriz - no momento ela faz doutorado na USP em Teoria e História do Teatro e Literatura Dramática - é duplo. No sábado, sob direção de Alberto Guzik, estréia no Espaço dos Satyros o espetáculo Risadas Gravadas, no qual Patrícia também atua, dividindo a cena com Júlio César Dória, Vicente Concílio, Carol de Deus e Lídia Paula Sahagoff, criadores do Vulcão Núcleo de Pesquisa. Tem mais. Juntos, sem patrocínios ou prêmios, eles se cotizaram e conseguiram uma proeza: Robino, o autor argentino, chega ao Brasil na quarta-feira para abrir, na quinta-feira, o I Ciclo de Leituras e Debates sobre Dramaturgia Latino-Americana. "Conseguimos isso graças à parceria do Teatro Fábrica com o Teatro Laboratório da ECA-USP", diz Patrícia. Robino vai falar ao público na quinta, no Fábrica, e ainda dará uma aula aberta, gratuita, na segunda-feira, na ECA/USP. Risadas Gravadas atualiza como temática as marcas deixadas pela ditadura militar argentina. Em diálogos rápidos e na chave do humor negro - com direito às risadas ´engarrafadas´ do título -, uma mulher faz um acerto de contas com um psicanalista que atuou na repressão. "Esse texto faz um resgate muito interessante desse tema da história recente da América Latina por meio de um olhar mais poético e fabular, numa leitura que em nenhum momento resvala para o panfletário", argumenta Patrícia. Ela vive a tal psicanalista e faz parte de uma ´cédula´ terrorista chamada Nós que Amávamos o Cinema. "É uma brincadeira do autor. Eles lutam por mais sensibilidade e inteligência, o que não está sendo cultivado nem mesmo pelo cinema. O que é bonito é a retomada das utopias, é apostar num idealismo que parecia ter desaparecido na década de 90." Convidado pelo grupo, Guzik também entrou pela primeira vez em contato com a obra desse autor. "Essa peça é criada numa linha clownnesca. Tem um pouco daquela clima farsesco através do qual é possível examinar coisas sérias", diz. A exemplo do que já fizera na direção de Encontro das Águas, Guzik buscou valorizar aqui o jogo dos atores. I Ciclo de Leituras de Dramaturgia Latino-Americana Contemporânea. Teatro Fábrica. Rua da Consolação, 1.623, 3255-5922. 5.ª e 6 ª, 20 h. Grátis. Até 23/9 Risadas Gravadas. Espaço dos Satyros 1. Pça. Franklin Roosevelt, 214, 3258-6345. Sáb., 19 h; dom., 18h30. R$ 15. Até 24/9

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