Rio realiza o 3.º Cena Contemporânea

Festival carioca apresenta 24 espetáculos de 13 grupos nacionais e internacionais, além de debates, exposições e muitas intervenções urbanas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um festival carioca por excelência. Seriedade sem sisudez. Capaz de unir reflexão e descontração. Essa é proposta da curadoria da 3.ª edição do Rio Cena Contemporânea ou Riocenacontemporânea. A programação - 13 grupos nacionais e internacionais apresentando 24 espetáculos, além de debates, exposições e muitas intervenções urbanas - começa para valer na segunda-feira e dura sete dias. Mas a movimentação na cidade tem início domingo, quando ocorrerá um inusitado desfile na Praia de Copacabana, zona sul, unindo 200 garis e artistas vestidos com uniforme da Comlurb, a companhia responsável pela limpeza urbana. "O desfile chama a atenção para a idéia de que festival é um momento de reciclar idéias. Queremos ainda que ele seja bom para a cidade, como o trabalho dos garis", diz César Augusto, um dos curadores do evento. Durante sete dias, a cidade será tomada por performances, intervenções e espetáculos bastante originais que ocuparão sete espaços culturais diferentes, além de ruas e praças. "Nossa proposta é sair do mainstream. Mais que uma mostra de espetáculos, queremos um festival que aponte vertentes, soluções, caminhos para o teatro", argumenta o curador. Um exemplo dessa linha curatorial estará nos espetáculos de rua. "Não são propriamente peças criadas para a rua, mas sim intervenções, quase ruídos na rotina da cidade. Por isso, as artes plásticas têm forte presença na programação." É o caso do mineiro Geraldo Loyola, que "cola" por cima de uma malha negra que cobre seu corpo centenas de canudinhos de plástico. E simplesmente caminha pela cidade. Duas companhias internacionais, uma argentina e outra inglesa, abrem a programação do Teatro Carlos Gomes na segunda-feira. Os ingleses apresentam It´s Your Film, espetáculo de apenas três minutos, realizado por três atores, para apenas um espectador por vez. Também para um público reduzido, instalado no palco do teatro, os argentinos Luis Machín e Alejandro Catalán apresentam Cercano Oriente, Caja. O espetáculo é sobre dois homens que vivem dentro de uma embalagem vazia de geladeira. "Muitos dos grandes saltos de teatralidade não surgem da grandiosidade das produções." A verdade é que na escala humana reside a especificidade dessa arte, feita de gente para gente. E talvez essa seja a característica mais forte da mostra Riocenacontemporânea. Entre os espetáculos já vistos pelos paulistanos estão Hysteria e Os Camaradas e o grupo Caixa de Imagens que apresenta O Fotógrafo e Lady Macbeth e Nossa Vida Não Vale um Chevrolet, do grupo Cemitério de Automóveis. Quem conhece esses trabalhos - nada tradicionais e todos criados para público reduzido - pode ter uma idéia do conceito que orienta a programação. "Não faz sentido organizar um festival sem uma idéia que perpasse as escolhas." Os organizadores abriram ainda brechas para estréias como Submundo, do Grupo Sobrevento e Santo Elvis, do francês Serge Valletti, com Gilberto Gawronski no papel de Elvis.

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