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Rio imperial é tema de exposição

São 180 obras da coleção de Paulo e Maria Cecília Geyer, que estarão na mais nova exposição do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)

Por Agencia Estado
Atualização:

A paixão de cariocas e turistas pela paisagem do Rio rende uma nova exposição, a partir de terça-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Desta vez, contando como artistas e cientistas dos séculos 17 e 18 viram a cidade em todos os seus detalhes. São 180 obras da coleção de Paulo e Maria Cecília Geyer, ele um dos principais empresários do setor petroquímico. Ao longo de mais de 50 anos, o casal reuniu um acervo iconográfico sobre o Brasil e, no ano passado, o doou ao Museu Imperial de Petrópolis, junto com a casa onde mora, que vai se tornar uma unidade da instituição. "Após a doação, vários pesquisadores e colecionadores nos procuraram querendo ver o acervo, um dos mais importantes do mundo sobre o Brasil", conta a diretora do Museu Imperial e curadora da mostra, Maria de Lourdes Horta. "Eles passaram a vida toda - e ainda continuam - procurando, onde houvesse no mundo, obras feitas até o século 19 retratando o País, do qual 80% tem o Rio de Janeiro como tema", continua. "Ao longo desse tempo, conseguiram um conjunto expressivo e tiveram a generosidade de doá-lo em vida para que não fosse desmembrada após a morte deles." A mostra vai se chamar, muito apropriadamente, Visões do Rio na Coleção Geyer e está organizada como um passeio pela cidade, desde a chegada ao porto até suas redondezas, sem se esquecer dos tipos humanos e das cenas urbanas. Maria de Lourdes escolheu obras de 70 artistas, procurando o ineditismo, mas sem deixar de lado os mais conhecidos, como Jean-Baptiste Debret, Rugendas, Vítor Meirelles ou Thomas Ender, artistas que formaram o nosso imaginário do Brasil Império e aparecem com aquarelas e desenhos comprados no exterior e nunca mostrados no Brasil. "Esses artistas vieram ao País em missões científicas ou artísticas e, a par de realizarem os trabalhos para os quais estavam contratados, saíram pela cidade e seus arredores retratando o que viam, fantasiando ou não a realidade", comenta a curadora. "As obras estão dispostas de forma a agradar o especialista e informar o público leigo sobre o passado da cidade e as transformações que a paisagem carioca sofreu nos séculos 18 e 19." A peça mais antiga é um desenho feito a lápis, datado de 1744, de um certo Frayar Moyen, uma vista do mosteiro São Bento, provavelmente da ilha de Villegagnon. Há vistas da Baía de Guanabara tomada da Gamboa (bairro da zona portuária), um óleo sobre tela feito por Emil Bauch no fim do século passado, quando ainda era possível descortinar todo o recôncavo, até Niterói. A hoje urbaníssima Praia de Botafogo, na zona sul, aparece quase selvagem, com o morro da Viúva e o Pão de Açúcar ao fundo, poucas casas ao pé deles e negros voltando da pescaria. Já a Lagoa Rodrigo de Freitas aparece em várias situações, inclusive com uma topografia diferente da atual. "Até o século passado, era uma região de engenhos, quase rural, mas os visitantes se encantavam com a paisagem, hoje totalmente modificada, mas ainda deslumbrante", ressalta Maria de Lourdes. "Os bairros mais perto do centro (Glória, Flamengo, Botafogo etc) são os mais retratados porque os litorâneos (Copacabana, Ipanema, Barra etc) só começaram a ser habitados neste século e a obra mais recente é um desenho que o médico e lavrador Antônio Lopes Mendes, fez do Jardim Botânico, em 1892."

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