Rio ganha loteria para financiar cultura

A loteria da Liga Rio, lançada hoje pelo governo do Estado, vai reverter parte de sua arrecadação para a secretaria de cultura. Estima-se que só no ano que vem R$ 40 milhões engrossem o orçamento da cultura no RJ

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Por Agencia Estado
Atualização:

Até o segundo semestre de 2003, os projetos da Secretaria de Cultura do Estado do Rio devem ganhar um aporte estimado em R$ 40 milhões, vindos da Liga Rio, loteria cultural lançada hoje pela governadora Benedita da Silva e pelo seu secretário, Antônio Grassi. A previsão é de que o sorteio tenha início até março e os recursos comecem a ser distribuídos nos meses seguintes. Atualmente, o orçamento da Secretaria de Cultura é de R$ 40 milhões, mas só R$ 8 milhões vão para projetos e o restante para custeio. A aposta na Liga Rio vai custar R$ 3 e será feita com um cartão magnético a ser vendido em casas lotéricas, por telefone ou internet. Os prêmios serão 35% da arrecadação e mais 6,3% em produtos culturais ou ingressos para eventos. Por lei, 15% do total de apostas vão para projetos sociais e 10% para o Fundo de Cultura, a ser gerido por representantes eleitos das diversas atividades culturais e das regiões em que o Estado do Rio é dividido. "Agora, a cultura do Rio terá independência do orçamento, que sempre está comprometido com áreas mais urgentes", disse Grassi ao explicar como e por que foi criada a Liga Rio. "Nos Estados Unidos e na Itália, cerca de 35% da arrecadação das loterias vai para a cultura, da realização de eventos à conservação de patrimônio. Aqui, as loterias públicas e privadas arrecadam quase R$ 10 bilhões e nada vai para o setor." Para salientar a importância da iniciativa, Benedita da Silva citou sua história, que começou como professora comunitária pelo método Paulo Freire, e no Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, na favela do Chapéu Mangueira, no Leme, zona sul da Rio. "A cultura é uma das principais armas de combate à pobreza, posso dizê-lo por experiência própria", disse a governadora, aplaudida de pé pela platéia, em que se misturavam produtores de cinema (Mariza Leão, Luci Barreto e Bruno Stropianna), cineastas (Luiz Carlos Lacerda, Paulo Emilio) e atores (Léa Garcia, José Lewgoy e Marília Pêra). Marília Pêra, que em tempos passados recebeu críticas por não apoiar o PT, foi das primeiras a chegar e, antes mesmo de saber como era o projeto, se declarou a favor. "Qualquer iniciativa que traga mais recursos para nossa atividade é bem-vinda. Eu sou uma pessoa de teatro, filha, neta e mãe de profissionais da área e sei das dificuldades de viver disso", comentou ela, antes da cerimônia. "Atualmente, o preço que temos de cobrar pelo ingresso não cobre os custos de uma produção, cada vez mais elevados." A reunião teve um tom de despedida de governo e Benedita não deixou de alfinetar a administração de Anthony Garotinho, que a antecedeu, e fazer cobranças à mulher dele, Rosinha Garotinho, que a sucederá. "Fizemos pouco na área de cultura, não por falta de ousadia, mas porque a situação que encontramos era pior do que esperávamos", disse ela. "Mas estamos deixando este projeto que não será administrado por nós porque os governos passam, mas a arte e a cultura permanecem."

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