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Rio abre a temporada de homenagens a Pierre Verger

A exposição O Olhar Viajante de Pierre Fatumbi Verger é o primeiro de uma série de eventos que comemoram o centenário de nascimento do antropólogo francês

Por Agencia Estado
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O Olhar Viajante de Pierre Fatumbi Verger é o primeiro grande evento que comemora o centenário de nascimento do fotógrafo e antropólogo francês, radicado na Bahia, que dedicou a vida a elucidar a ligação entre as culturas africana e brasileira. A mostra, em cartaz a partir de hoje no Centro Cultural dos Correios, reúne cerca de 600 imagens produzidas por ele para livros e reportagens, a partir dos anos 30, quando deixou Paris e começou a viajar pelo mundo. É também uma exposição biográfica, mostrando sua importância para a cultura do País e seu relacionamento com outros intelectuais brasileiros e europeus. Verger nasceu em 4 de novembro de 1902, de uma família burguesa. Em 1930, com a morte da mãe, começou a viajar e a fotografar. Durante 16 anos andou pelo mundo até aportar na Bahia, em pleno pós-guerra, momento em que artistas baianos como o escritor Jorge Amado, o compositor Dorival Caymmi e o pintor Carybé iniciavam o período mais fértil de suas carreiras. A influência foi mútua e logo Verger se converteria às religiões afro e passaria a estudar as relações entre as culturas. "Essa mostra apresenta as idéias e o trabalho de Verger sem preocupação cronológica", explica o presidente da Fundação Pierre Verger, Raul Lody, também curador da exposição. A exposição aborda também sua iniciação religiosa, estabelecendo as relações entre Bahia e África e destacando a influência recíproca na música, na gastronomia, no folclore e nas festas. "Nesse módulo, vamos expor também fotografias de ex-escravos brasileiros que retornaram à África, mas mantiveram alguns de seus costumes daqui e dos que aqui ficaram, sem perder os principais traços culturais de seus países de origem", adianta Lody. "Há ainda seu trabalho jornalístico, especialmente na revista O Cruzeiro." A obra literária de Verger também será reeditada pela Bertrand Brasil. Segundo seus biógrafos, ele não se considerava um escritor e sim o fotógrafo que, mais preocupado com o lado técnico, queria mostrar a espontaneidade das expressões e cenas a serem captadas. Só por insistência de seus editores começou a escrever, embora sua correspondência com intelectuais da época, como Roger Bastide e Claude Levy-Strauss (que também viveram no Brasil), tenha sido intensa. Além desses textos, será lançado também um livro biográfico, sob o mesmo título da mostra, com ensaios de estudiosos de sua obra e 600 reproduções de fotos suas. A mostra fica no Rio até 9 de junho, depois viaja por seis capitais brasileiras e em seguida vai para Paris.

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