
04 de setembro de 2010 | 00h00
A ideia está, de certa forma, resumida no nome da revista, Pessoa, que remete tanto ao maior poeta da língua portuguesa quanto às diferentes populações que dividem o idioma. "Morei 15 anos fora do Brasil, sendo sete em Portugal e dois em São Tomé e Príncipe. Ao retornar, percebi que mesmo na universidade existe um desconhecimento do que se produz nos outros países, em especial os africanos", conta Mirna, de 42 anos, que trabalhou em Lisboa para a BBC e jornais portugueses. Ela financiou toda a edição da revista do próprio bolso, mas as colaborações angariadas pelo caminho fizeram a diferença - além do apoio institucional do Museu da Língua Portuguesa e da tiragem a cargo da Imprensa Oficial do Estado, ela contou com um conselho editorial com nomes como Luiz Ruffato, Ronaldo Correia de Brito e João Almino.
Mirna agora negocia patrocínios que garantam edições trimestrais de 60 mil exemplares, a partir de novembro, a serem distribuídos de graça em universidades, bibliotecas e centros culturais do Rio, de São Paulo e Brasília. A proposta de levar a revista aos outros países ganhará força com uma parceria com a Fundação José Saramago, que deve distribuir a publicação em Lisboa e em Luanda.
A edição zero faz na capa uma esperada homenagem a Fernando Pessoa. Participam com textos inéditos os brasileiros Fabrício Carpinejar e Marina Colasanti, além do angolano João Melo e do moçambicano Luís Carlos Patraquim. Os brasileiros Laurabeatriz, Lauro Freire e Delfin assinam ilustrações, assim como o português André Letria. Em entrevista, o cabo-verdiano Germano Almeida fala sobre seu romance O Testamento do Sr. Nepomuceno e o cenário literário de seu país, constatando, ao ser questionado sobre a influência da literatura brasileira, que "já existiu muito mais". "José Lins do Rego e Guimarães Rosa foram muito lidos em Cabo Verde. Hoje, são pouco."
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