Revista Piauí é lançada na Flip e circula em outubro

Sem editorial ou colunistas, a revista tem elenco internacional e foi lançada na Flip pelo cineasta João Moreira Salles e o editor Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma revista sem editorial ou colunistas, em que a informação vem antes do comentário e preserve a independência ideológica de seus autores parece algo utópico como um quartel sem hierarquia. Mas é justamente o projeto da revista Piauí, lançada na Flip pelo cineasta João Moreira Salles e o editor Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras. O primeiro número deve sair em outubro, mas já provoca curiosidade pelo time envolvido, escritores estrangeiros como o argentino Tomás Eloy Martinez e o inglês Martin Amis, cineastas como Eduardo Escorel e Eduardo Coutinho, médico e ex-detetive autores (Oliver Sacks e Rubem Fonseca, respectivamente), além de jornalistas veteranos como Ivan Lessa, ao lado de críticos da novíssima geração, entre eles Cassiano Machado. Todos comandados anarquicamente por Marcos Sá Corrêa. Concebida por Moreira Salles, diretor da Videofilmes, que banca a revista em sociedade com a editora de Schwarcz, Piauí não pretende ser uma reedição de revistas como "Realidade" e "Senhor", dois títulos marcantes dos anos 1960 e caracterizados pela ousadia temática e gráfica. No formato do "New York Review of Books", ela será mensal, com uma tiragem de 40 mil exemplares. Pelo título escolhido, a revista chega já para provocar o leitor a partir do enigmático Piauí. Será uma referência jocosa a um dos Estados mais pobres do Brasil? Metáfora de um país desconhecido até mesmo por seus habitantes? Alegoria do indiferenciado, território em que cabem tudo e todos? Não. Apenas um nome escolhido ao acaso e rico em vogais, observa o cineasta João Moreira Salles. Apesar dos nomes envolvidos, Piauí não será uma revista de cultura, mas de reportagem, gênero que parece marcar cada vez menos presença na grande imprensa. O diretor de "Notícias de Uma Guerra Particular" e, mais recentemente, do documentário "Entreatos", sobre a campanha política que levou Lula ao poder, diz que aprendeu com eles que não há grandes ou pequenos temas, "mas histórias boas e histórias mal contadas". Com o elenco de colaboradores de Piauí, ele certamente não corre riscos. Tomás Eloy Martinez, que começou sua carreira como jornalista, é autor do melhor perfil de Evita Perón que alguém jamais sonhou escrever. Como disse Oscar Wilde, o único dever que temos com a história é reescrevê-la e Eloy Martinez tem sido um aluno muito aplicado na destruição de mitos construídos por ela. Para Marcos Sá Corrêa, o cruzamento entre narrativa ficcional e jornalismo deve enriquecer ainda mais Piauí. "O que define a história é a articulação de todos os elementos dentro de um texto", observa o editor, reforçando a frase de Wilde.

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