Reunião para acertar o passo da dança

Depois de protestos, instituições se reúnem hoje para decidir quem irá ocupar a nova vaga no Conselho da Cidade

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Por HELENA KATZ
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A dança profissional de São Paulo surpreendeu-se quando descobriu que estava sendo representada no Conselho da Cidade, criado em março pelo prefeito Fernando Haddad, por Déborah Colker, coreógrafa que mora e trabalha no Rio de Janeiro. A classe protestou e a Prefeitura acolheu a sua reivindicação, criando uma cadeira a mais neste Conselho. Ela será ocupada por quem for indicado na reunião que acontece hoje, às 17h, no saguão da Galeria Olido, convocada pelas três instituições que lutam pelas políticas públicas para a dança na cidade: A Dança se Move, Mobilização Dança e Cooperativa Paulista de Dança.Além da eleição desse representante, a pauta inclui também um questionamento sobre os critérios do prefeito para o convite feito a Colker. E sinaliza para os avanços considerados necessários com mais dois outros itens, de amplitude nacional: a criação de uma Lei de Fomento à Dança Brasileira e a leitura de um Manifesto com críticas à falta de diálogo com o Ministério da Cultura e Funarte.Marcos Moraes, membro do A Dança se Move, movimento organizado em 2011 por artistas de diversas tendências e funções na dança paulistana, conta que já foram realizados 14 seminários com o objetivo de lutar por políticas públicas. "Nesse momento, nossa principal pauta municipal é a alteração do prazo de financiamento da Lei de Fomento à Dança para dois anos, e a sua transformação em três programas distintos: um para companhias com mais de 15 anos de atividade, um para jovens criadores e pesquisadores, e um para circulação nacional e internacional".Sandro Borelli, presidente da Cooperativa Paulista de Dança, complementa: "Precisamos do apoio do Prefeito e do Secretário Municipal da Cultura para a implantação deste Projeto de Lei, já encaminhado à Câmara Municipal. Lá, temos tido a interlocução do Vereador José Américo, hoje presidente daquela casa".Sofia Cavalcante, do grupo que coordena o Mobilização Dança, deixa sua reflexão: "Também precisamos de programas nos níveis estadual e federal e criamos grupos de estudos que encaminharam projetos".No âmbito estadual, Sandro e Marcos apontam problemas graves: "A gestão estadual da cultura, do ponto de vista da dança, é desastrosa há muitos anos. Não conseguimos fortalecer o contato entre capital e interior, a verba destinada ao PROAC (Progama de Ação Cultural) é uma vergonha".A dança de São Paulo vem consolidando o seu amadurecimento político. A assembleia de hoje, na qual celebra a sua conquista no Conselho da Cidade, demonstra isso quando leva adiante suas lutas. "Estamos defendendo que a cultura e a arte são fatores fundamentais na constituição de um projeto de desenvolvimento e cidadania. Sem ambas a educação será mero treinamento utilitário para um mercado voltado ao consumo e à competição. O apoio ao desenvolvimento artístico está na base de qualquer possibilidade de transformação do nosso País", completa Marcos Moraes.

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