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Reportagem que denunciou nazista é relançada

Publicada pelo Jornal da Tarde em 1973, a série de reportagens do jornalista Ewaldo Dantas Ferreira denunciou o paradeiro do SS Klaus Barbie Altmann, o "Carrasco de Lyon"

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma série de 10 reportagens publicadas pelo Jornal da Tarde em 1973, que desvendaram o paradeiro do militar nazista Klaus Barbie Altmann, será relançada em livro nesta quinta-feira. O lançamento de Depoimento do SS Barbie=Altmann vai acontecer na Câmara dos Veradores de São Paulo, onde o jornalista Ewaldo Dantas Ferreira, autor da denúncia, receberá uma homenagem. Além disso, haverá um debate com a presença, entre outros, do diretor do Estado Ruy Mesquita, o embaixador Baena Soares e o jornalista Moisés Rabinovici. A denúncia de que o SS Klaus Barbie Altmann vivia escondido na Bolívia sacudiu o mundo em 1973. Comandante da repressão à Resistência Francesa, Altmann entrou para a história como o "Carrasco de Lyon", por ter matado e mandado matar inúmeros franceses que lutavam contra a ocupação nazista na França durante a 2ª Guerra Mundial. Já havia contra ele uma condenação à revelia na França, e nesta época ele estava sendo procurado. Quando as matérias de Ewaldo Dantas Ferreira saíram no Jornal da Tarde, jornais de vários países do mundo compraram o texto e a reportagem circulou o mundo. "Os jornais que não compravam reproduziam o texto, porque era de interesse universal", diz Ewaldo Dantas. Sobre seu encontro com o carrasco nazista na Bolívia, ainda hoje ele pode falar pouco. Nega-se a revelar, por exemplo, como descobriu o paradeiro de Altmann, pois dispôs de fontes de informação que devem ser mantidas em segredo. Mas o destino de Altmann depois da reportagem desperta curiosidade igual. Já condenado, ele foi extraditado para a França, onde confundiu o tribunal assumindo culpas mas fazendo acusações. "Ele era um homem especialmente inteligente", lembra Ewaldo Dantas. Altmann primeiro negou diante do tribunal que tivesse matado judeus, mas que se fosse esta sua missão, o faria sem problemas. Assumiu, contudo, que matou franceses da resistência. Com isso, a acusação teve que ser mudada. Porém, com a discussão sobre casos de vítimas francesas, Altmann denunciou uma série de políticos ilustres que, ficou provado depois, haviam colaborado com os nazistas durante a ocupação. O modesto Ewaldo Dantas não vê méritos próprios na denúncia que levou à cadeia um dos homens fundamentais do exército de Adolf Hitler. Para ele, "o enredo era muito bom e os personagens eram muito bons". Daí a grande história que contou. O fim de Altmann foi na prisão na França, onde acabou morrendo. Depoimento do SS Barbie=Altmann - Editora Rio, 128 págs., R$ 25. Lançamento no dia 20/11 às 19h30 na Câmara Municipal de São Paulo: Viaduto Jacareí 100, 8º andar, centro.

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