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Repertório de Gil embala duelo no Senado

O ministro da Cultura e o líder do PT Aloizio Mercadante debateram ontem recorrendo a canções como Super-Homem e Grão. Gil voltou a pedir 1% do Orçamento. Mercadante aconselhou "fazer do trigo o pão"

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia depois da reunião ministerial, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), travaram um duelo com metáforas tiradas das músicas de Gil. Em audiência pública no Senado, o ministro voltou a defender 1% do Orçamento para sua pasta. Num discurso que provocou aplausos de senadores, Gil comparou a cultura à mulher: "deslumbrante e indispensável, entretanto colocada sempre numa posição secundária e lateral pela porção masculina". Gil fez referências à música Super-Homem para mostrar a necessidade de valorização da cultura. "Nos tempos em que a porção mulher da sociedade cada vez mais, como na canção, se impõe ao super-homem rendido à sua superioridade e encanto, nada mais natural que entronizarmos a mulher Cultura no espaço central das nossas vidas." A resposta de Mercadante veio no fim da audiência. Ele lembrou que é preciso manter o Orçamento equilibrado e sugeriu o uso mais eficiente das parcerias com o setor privado. Valendo-se da estratégia do ministro, usou trecho da música Drão para aconselhar: "Na cultura, fazer do trigo o pão." O líder argumentou que, ao dar incentivos fiscais a quem aplicar em projetos culturais, o governo abre mão de recursos que integrariam o Orçamento. Ele cobrou mais rigor na direção dos programas e nos critérios para a concessão dos benefícios. Também propôs a criação de um Fórum Nacional da Cultura, que teria como objetivo discutir a política de incentivo fiscal e criar um marco regulatório para o setor. Depois de falar, o líder saiu da sala e não ouviu a resposta do ministro. Em tom de voz mais elevado, Gil afirmou que o aumento orçamentário é indispensável. "Mercadante tem de saber, e vai saber, que essa é uma defesa de que não vamos abrir mão", disse. "Podemos intensificar as parcerias com o setor privado. Mas e o setor público, não vai participar?" Leia mais.

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