Renato Russo inspira super-produção teatral

Estréia hoje no Teatro Gazeta a ópera-rock R-Evolução Urbana, inspirada em canção do grupo de Renato Russo

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Por Agencia Estado
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Parece veneração, mas é só um tributo. Dez anos depois da gravação do pontual primeiro álbum da Legião Urbana (lançado em janeiro de 1985), uma grande turma de fãs monta uma ópera-rock para matar a vontade até de quem nunca teve oportunidade de ver ao vivo a banda liderada por Renato Russo (1960-1996). R-Evolução Urbana ? A Lenda do Rock, que estréia hoje no Teatro Gazeta, é coisa de fã para fã. Orçada em R$ 800 mil, e sem a pretensão de biografar o roqueiro mais cultuado depois de Raul Seixas (1945-1989), a peça é uma epopéia punk medieval futurista, pontuada por 23 canções da Legião e de seus conterrâneos e contemporâneos Capital Inicial e Plebe Rude. É a primeira vez que a família Manfredini libera os direitos da obra de Renato para uma montagem teatral. Como atração extra para os iniciados, há uma série de referências nos gestos, em trechos de músicas e nas situações vividas pelos personagens. O protagonista interpretado por Luiz Pacini, a propósito, se chama Eric Russel, pseudônimo que Renato inventou para si por volta dos 15 anos, com o qual brincava de liderar uma banda imaginária. A certa altura, depois de se envolver em uma de muitas confusões, Eric pergunta ao policial que o prendeu qual era seu signo, o que o levou a tomar mais uns cascudos. Esta é uma das referências reais a Renato Russo. O enredo da peça faz alusão a Brasília, valendo-se também de outros fatos reais marcantes, como o revoltante episódio em que um índio foi queimado vivo por vândalos da classe média-alta da cidade. O lugar se chama Província Central. De um lado estão os militares que tomaram o poder, liderados pelo Grande Comandante (Antônio Abujamra em imagem projetada). Na outra ponta estão os Cavaleiros da Colina, roqueiros punks comandados por Eric Russel, que, banidos da província, batalham para restabelecer a democracia e a liberdade de expressão. Suas armas contra a censura são as canções. O impasse se dá quando oscilam entre a tomada do poder ou a fuga para a utopia. Em cena, todos os elementos pintam o universo da Legião Urbana, como explica o autor do texto, Marcos Ferraz, que também atua na peça. As músicas do grupo são tocadas ao vivo por um grupo de músicos não virtuosos. ?Exatamente como era o espírito da Legião?, diz Ferraz, de 30 anos, fã da banda desde a adolescência. ?A epopéia tem a ver com o lance de Renato gostar de brincar com a coisa medieval. A revolução vem do fato de a Legião ter revolucionado nossas vidas, principalmente pelas letras, que continuam atuais, porque falam de problemas existenciais. Para mim, ele era uma espécie de irmão mais velho. Foi importante na minha formação, como para muitos jovens da minha geração.? Os figurinos e o ambiente fazem referências a de George Orwell (o comandante dá ordens via telão como um Big Brother), Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), Matrix. Na trilha sonora há citações de Lou Reed, Ramones, Sex Pistols, Clash. John Lennon, Bertrand Russell e Che Guevara servem de parâmetros ideológicos. R-Evolução Urbana, a Lenda do Rock - De Marcos Ferraz. Direção de Fezu Duarte, Fabio Ock e Marcos Okura. 180 minutos, com intervalo. 14 anos. Teatro Gazeta (716 lugares). Av. Paulista, 920, Cerqueira César, 3253-4102. De quinta a sábado, 21 horas; domingo, 20 horas. R$ 30. Até 22/8.

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