Record: mudanças na direção podem ser retrocesso

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

As mudanças que tomaram conta da Rede Record na semana que passou indicam o risco de um retrocesso no processo administrativo da emissora. Na terça-feira, o pastor Marcus Aragão, até então diretor de Programação e Artístico, cedeu sua cadeira para Marcus Vinícius Chisco, ex-superidentendente da Rede Mulher. O novo titular do cargo passa a responder como assessor de Aragão, que por sua vez foi promovido a Superintendente de Programação da Record, cargo criado especialmente para acomodar tal reforma. Por ser casado com uma sobrinha de Macedo, Chisco reforça a volta do olhar do chefão sobre seu império televisivo. Há dez anos nas mãos de Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus, a Record conseguiu se reerguer, nesse período, na mesma medida em que sua administração mostrava-se mais profissional do que familiar ou religiosa. Esse processo de desvinculação da Igreja Universal, com visível reflexo na programação, teve início com a direção de Eduardo Lafon, hoje no SBT, e continuou na gestão de José Paulo Vallone, hoje na Globo. A nomeação do pastor Aragão para a vaga de Vallone já foi uma ameaça ao processo de independência, que agora se mostra ainda mais frágil. Nos corredores da emissora comenta-se que Chisco é o homem que chegou para "cortar cabeças." A hipótese é reforçada pelo fato de uma auditoria ter varrido a casa recentemente. Chegou-se a comentar que Aragão havia sido demitido. "Muito pelo contrário, estou até subindo de cargo", diz Aragão. A Record alega que ele precisa do novo assessor para poder dedicar-se mais à expansão da emissora no exterior. Há duas semanas, foi criada a Record International, um canal exibido via DTH (sistema usado pela Sky e DirecTV, no Brasil) para toda a África. Alguns programas já vistos no Brasil estão sendo exibidos lá, como a novela Louca Paixão (1999). "Dentro de um ano pretendemos estar cobrindo o mundo todo", diz Aragão, que viaja esta semana para Miami, onde pretende fechar um contrato com um canal a cabo. Outro obstáculo para Macedo atende por Roberto Wagner. Diretor corporativo da Record, ele está envolvido num escândalo político com o secretário de Desenvolvimento Ecônomico, Lázaro Marques. Segundo o jornal Correio Braziliense, Wagner é suspeito de intermediar cobrança de propina para a aprovação de projetos em tramitação na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. O diretor foi flagrado em conversas telefônicas gravadas e entregues anonimamente ao secretário de Comunicação de Brasília, Welington de Morais. A assessoria de Comunicação da Record não quis comentar o caso.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.