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Record já prepara nova novela das 9

Emissora estréia em março Cidadão Brasileiro, produzida por ex-profissionais da Globo

Por Agencia Estado
Atualização:

Haja rebanho para bancar os investimentos no núcleo de teledramaturgia da Record. Levando adiante o projeto "quero ser Globo", a emissora está gastando cerca de R$ 25 milhões para bancar sua novela das 9, Cidadão Brasileiro, de Lauro César Muniz, que estréia no dia 13 de março. Autor da Globo, gastos de Globo, mão-de-obra da Globo. Basta dar uma volta pela cidade cenográfica montada na Fazenda Bela Manhã, perto de Bragança Paulista, interior de São Paulo, para notar que o sotaque da equipe vem lá de Jacarepaguá, mais precisamente do Projac, estúdios da platinada no Rio. Muitas caras conhecidas dos bastidores de outros programas e outras novelas."Todo mundo aqui é carioca e da Globo", confirma o diretor-geral Flávio Colatrello, dissidente que trocou a novelinha teen Malhação por uma proposta salarial irrecusável - e também para livrar-se do castigo de comandar o elenco mais inexperiente da emissora. "Eu os ensinei a falar", brinca ele, dizendo que deveria ganhar comissão por cada "ator" que formou na novelinha. Há alguns meses, a Record descobriu que a Globo mantinha profissionais em esquema autônomo. Tratou de colocar headhunters em contato com eles, ofereceu mais dinheiro, benefícios e melhores condições de trabalho. Aconteceu no mercado de trabalho televisivo do Rio o milagre da multiplicação dos peixes e pães - neste caso, sem metonímias. Economia simples: oferta e demanda. Funcionários da casa relatam que já não havia mais espaço nas salas do Recursos Humanos da Record para fechar tantos contratos. Nem gavetas para receber currículos da concorrente. O sucesso de Escrava Isaura e Prova de Amor, que alcançaram até 16 pontos de audiência em algumas médias semanais, fez a emissora acreditar definitivamente no núcleo de teledramaturgia. A ponto de abrir espaço até o fim do ano para mais um horário de novela, usando a fórmula do sanduíche proposta pelo diretor Walter Clark na programação da Globo. O esquema intercala um telejornal entre duas novelas. A Record vai seguir o modelo: uma trama das 6, outra das 7, um telejornal e uma novela das 9. Com isso, Cidadão Brasileiro vai concorrer diretamente com Jornal Nacional e Páginas da Vida, novela de Manoel Carlos, quando Belíssima acabar. As novas produções, que estão no ar até o fim do ano, devem gerar cerca de 300 empregos. O quartel-general do núcleo será no Rio, assim que acabar a construção dos cinco estúdios, que totalizam cerca de 10 mil metros quadrados. Colatrello também está programando a abertura de um departamento para administrar uma Oficina de Atores. Nada mal para uma emissora que há nove anos estreava Canoa do Bagre, novela cujo ápice de investimento foi a explosão de um barco em Bertioga, produzida por uma empresa de efeitos especiais (!) de Alexandre Frota. E tinha Patrícia de Sabrit no elenco. Cidadão Brasileiro está em outra dimensão. Reúne nomes como Gracindo Júnior, Cecil Thiré, Tuca Andrada, Etti Fraser e Cleide Yáconis. Antônio é vivido por Gabriel Braga Nunes, galã que deu certo em Essas Mulheres. Dividida em três fases e um epílogo, contada de 1955 até 2006, a novela narra a história de Antônio, um mineiro que luta para vencer na vida e tem caráter duvidoso. A odisséia de Antônio é cara: custa cerca de R$ 160 mil por capítulo, e no total são 200. Só a montagem cidade fictícia de Guará custou R$ 1,5 milhão. Tudo para bancar a criação de Lauro César Muniz, congelado na Globo desde 2000, quando escreveu a minissérie Aquarela do Brasil. "Cidadão Brasileiro é uma síntese do que fiz na TV e no teatro. Assim, abordarei temas que remetem às novelas Quarenta Anos depois, na Record, Escalada e O Casarão, na Globo, e Luar em Preto-e-Branco, peça encenada em 1992", diz o autor. Antônio Maciel, personagem principal, remete a Antônio Dias, de Escalada (1972), e a João Maciel, de O Casarão (1975/1976). Sendo novela adulta, com cenas mais fortes, como fica a patrulha da Igreja Universal? Lauro César garante que está livre para criar. "Em nenhum momento recebi restrição a temas que abordei em Cidadão Brasileiro. E há, na minha novela, temas bastante fortes." A novela promete ser boa. Que venha o dízimo.

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