Rafic Farah leva o design brasileiro a Paris

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Por Agencia Estado
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Em outubro deste ano, Paris recebe a mostra Graphistes Autour du Monde, que reúne no Centre Georges Pompidou trabalhos desenvolvidos por artistas de 22 escolas de design mundiais. O Brasil será representado pelo paulista Rafic Farah, que há 20 anos mantém um escritório de desenho em São Paulo. Organizado pela Associação Aliança Gráfica Internacional, o evento traz como destaque o australiano Ken Cato e a norte-americana Paula Scher. Da América Latina, além do Brasil, estão presentes trabalhos argentinos, paraguaios, venezuelanos, chilenos e mexicanos. Farah mostra-se orgulhoso de ser o representante brasileiro. Comprometido com sua arte, mesmo qualificando-a de aplicada - ou seja, veiculada a outro interesse que não o exclusivamente artístico - o designer paulistano enxerga em sua escolha um reconhecimento do trabalho brasileiro. Foi revelado aos organizadores por sua fama entre os brasileiros. Pediram-lhe alguns trabalhos, ele mandou três. Os franceses gostaram. Pediram mais. Mandou outros 18. E eles o convidaram. São essas 18 obras que ele leva a Paris. Entre outros trabalhos, capas da revista Around, uma peça desenvolvida para a instituição financeira Ipanema, posters da Zoomp, o censurado cartaz de divulgação da Eco-92, o pôster comemorativo dos 50 anos da Coca-Cola no Brasil e, sua predileta, um outdoor da Fit em que expôs uma negra nua saltando com lanças em sua volta. A exposição é composta por 22 módulos, um para cada artista. Além das obras, o estande traz imagens e objetos que referendam o trabalho do designer. Para compor o seu, Farah enviou fotos de São Paulo que ilustram sua visão da metrópole. Retratou a Vila Madalena, o mar de edifícios que avista-se do Terraço Itália, as ruas congestionadas, as ruas vazias, lojas chiques, seu estúdio. "Não queriar mostra o pitoresco, mas como vivemos por aqui", explica. Para tanto, levou imagens da TV brasileira: uma abertura e uma cena de novela. Também objetos tipicamente brasileiros: um filtro de barro, uma sandália havaiana encontrada nas praias da Bahia, embalagens de paçoca Amor, entre outros. No mosaico que revela o ambiente de trabalho de Farah há espaço para muita música brasileira. Gravou cerca de noventa canções, em dez CDs, para o som ambiente de seu módulo. Apesar de compartilhar a idéia de que o País não tem relevância no cenário internacional, ele olha com otimismo o crescimento ocorrido na década de 90, em que a produção brasileira deixou de ser inocente. "O design brasileiro, tal qual a moda vem fazendo, vai começar em pouco tempo a ditar regras para o mundo", profetiza. "As pessoas estão começando a entender que design é desenho, e que seus problemas podem ser resolvidos pelo traço. Ademais, estão encontrando um discurso próprio para desenvolver as suas idéias". Não foi só o ânimo de Farah que mudou após o convite para expôr em Paris, seus negócios também melhoraram. Como sempre ocorre com os artistas que são reconhecidos ou premiados no exterior, ele agora possui maior autoridade para falar sobre sua área de conhecimento. Sua liberdade para trabalhar é maior, e isso o agrada.

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