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Rádio Nacional tenta recuperar prestígio

Petrobras e Radiobrás assinam convênio para restaurar prédio e arquivo da emissora que liderou o cenário cultural dos anos 40 e 60 e hoje sofre com falta de pessoal e equipamento

Por Agencia Estado
Atualização:

Um convênio entre a Radiobrás e a Petrobras vai restaurar o prédio e o prestígio da Rádio Nacional, a emissora que dominou o cenário cultural dos anos 40 aos 60, mas hoje nem sequer chega a todos os bairros do Rio e enfrenta problemas de falta de pessoal e equipamento. O documento assinado ontem pelos presidentes das duas estatais, José Eduardo Dutra (Petrobras) e Eugênio Bucci (Radiobrás), prevê a aplicação de R$ 1,7 milhão na reforma dos três andares que a emissora ocupa no histórico prédio da Praça Mauá 7, no centro do Rio, no reparo dos transmissores em Niterói e na recuperação do arquivo, hoje guardado em condições precárias. O convênio faz parte da comemoração dos 50 anos da Petrobras que se completam em 2003. "Vamos comemorar esse meio século resgatando a auto-estima do povo brasileiro e os grandes marcos da nossa história. A Rádio Nacional é um deles", disse o assessor de Comunicação da diretoria da Petrobras, José Jacinto do Amaral. "Faz parte da nossa filosofia estabelecer parcerias com o governo. Parte da nossa programação cultural, como os concertos da Orquestra Petrobras Pró-Música e nosso programa de música popular brasileira poderão acontecer nos auditórios depois de reformados." "Ao assumir a Radiobrás, fiquei chocado com as condições dos estúdios e transmissores. A situação em que se encontram não é aceitável nem sequer para uma repartição pública, que dirá para a memória do grande núcleo onde se tecia o imaginário brasileiro. É como ver apodrecida toda a história do século 20", indigna-se, por sua vez, Eugênio Bucci, no cargo desde janeiro. "Meu sonho é ver e ouvir a Nacional e as outras emissoras que compõem sua rede (duas em Brasília, a de ondas curtas para a Amazônia e outras 203 que operam em conjunto) atendendo à demanda de informação do cidadão brasileiro e abrindo-lhes portas para sua diversidade cultural. E que uma notícia dada na Nacional seja referência, como acontecia antigamente." Bucci enfatiza que não se trata de reviver o período de ouro da emissora, fundada em 1936 pelo jornal A Noite e estatizada em 1940 por Getúlio Vargas, que precisava de uma emissora para levar as premissas do Estado Novo a todo o País. "Havia uma configuração conjuntural e tecnológica diferente, à qual é impossível voltar. O que se pretende é que a Nacional ocupe seu lugar no atendimento à população, como emissora pública. A relação com o passado é muito mais de cultivo da memória nacional. Queremos abrir a rádio a estudantes e pesquisadores que queiram conhecer a nossa história cultural." Nesse sentido, a Rádio Nacional é preciosa. Mesmo com o fim do Estado Novo, ela continuou com sua função de criar uma identidade brasileira ("mais que nacional ou patriótica", ressalta Bucci), com uma programação que até hoje serve de base à televisão que se faz no Brasil. Entre 1940 e 1964, a emissora tinha 700 funcionários, metade deles de artistas como Radamés Gnattali, Mário Lago, Ary Barroso, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, Severino Araújo, Marlene e Emilinha Borba.

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