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''Queria que o rap não fizesse sentido por lá''

Por Spensy Pimentel
Atualização:

Nos anos 90, era comum críticos fazendo a pergunta: "Como o rap chegou a São Paulo?" Os antropólogos logo perceberam que o que havia era um processo de identificação com a música por conta de rappers que viviam em seu cotidiano situações parecidas com as retratadas no rap americano.O Brô expressa um processo mais amplo de chegada do rap aos jovens das aldeias. O cotidiano de um jovem guarani, hoje, envolve a convivência com um alto índice de assassinatos e a luta contra a desesperança.A raiz de todos os problemas é a falta de terras. Os guarani-caiovás passaram por um processo de confinamento ao longo do século 20. O que nós, antropólogos, temos denunciado na região é um genocídio e uma crise humanitária que exige a atenção de todo o País.Se o Brô faz com que mais gente preste atenção ao que se passa por lá, tanto melhor, mas eu preferiria que o rap não fizesse sentido para eles, que a realidade fosse tão tranquila que os Racionais não tivessem nada a dizer aos jovens guarani-caiovás. Mas fatos são fatos.Spensy Pimentel é pesquisador do Núcleo de História Indígena e Indigenismo da Usp

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