"Queer as Folk" ganha versão americana

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Por Agencia Estado
Atualização:

A série inglesa Queer as Folk ganha uma versão americana. Estreou neste domingo no canal por assinatura Showtime o polêmico seriado do Channel 4 inglês sobre um grupo de amigos gays e seus relacionamentos (ou a falta deles). Em vez da cidade industrial de Manchester, no Noroeste da Inglaterra, está a cidade industrial de Pittsburgh, no Nordeste dos Estados Unidos. Um ou outro acerto aqui e ali, mas a história é a mesma, apenas transplantada para a realidade e um certo puritanismo americanos. A diferença está mais no estilo do que no conteúdo. O capítulo inicial da série teve uma hora e meia de duração e mais cenas de sexo entre gays do que provavelmente toda a história da televisão americana até ontem. O sexo do Queer as Folk do Showtime seria até mais explícito do que o da série original, mas algumas situações polêmicas foram atenuadas. Os personagens principais são Brian (Gale Howard), um publictário bonitão e bem-sucedido que tem relações passageiras com o maior número de homens possível, e Michael (Hal Sparks), amigo de infância de Brian e apaixonado por ele, que está longe de ter uma vida sexual ativa, até porque ainda está "no armário" ou seja, não é abertamente gay. Também fazem parte da turma o efeminado Emmett (Peter Paige) e o tímido Ted (Scott Lowell). Para completar a história, entra Justin, de 17 anos (15 na série britânica, outra atenuação), um estudante que tem sua primeira relação com Brian e se apaixona pelo garanhão. Este, por sua vez, também vira pai no episódio de estréia. Por meio de inseminação artificial, ele ajuda o casal de lésbicas Lindsay (Thea Gill) e Melanie (Michelle Clunie) a ter um bebê. Ainda que a maior parte do roteiro venha da excelente série britânica, a versão americana começou com alguns diálogos um tanto quanto bobos e falsos. Aparentemente, com as mudanças de direção da trama, o roteiro melhora nos episódios seguintes (vão ser 22 deles inicialmente, com uma hora de duração cada), que mostram a obsessão de Justin (e todo mundo) por Brian, a sexualidade fora de controle de Brian, a solidão de Michael e seu amor secreto por Brian Tudo muito gráfico, como a TV americana não tinha visto até agora. Queer as Folk chegou com a responsabilidade de conseguir o mesmo hype da versão original inglesa, que já teve duas temporadas no ar, e de seriados da emissora concorrente HBO, que teve acertos recentes com Família Soprano e Sexo e a Cidade, entre outros programas. O plano não parece ter dado certo, no entanto. O programa estreou e fez algum sucesso de crítica, mas não houve grandes polêmicas em relação a seu conteúdo. Nada de ameaças de boicote de grupos religiosos ou coisa parecida, que sempre ajudam na divulgação. A concorrência principal de Queer as Folk está em outro seriado gay, Will e Grace, exibido nos Estados Unidos pela NBC e no Brasil pela Sony. O que começou como uma comédia com dois tímidos personagens gays virou um programa gay em pleno horário nobre da tradicional TV aberta americana. E o melhor de tudo: os índices de audiência são altíssimos. As piadas de Will Truman (interpretado por Eric McCormack) e Jack McFarland parecem ter aberto o caminho para Queer as Folk na América mainstream. É esperar para ver se vai haver alguma reação.

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