Quatro tópicos sobre o tempo

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Por MADRI
Atualização:

Terminando agora sua direção artística de três anos do PhotoEspaña (PHE), o moçambicano Sérgio Mah definiu como linha curatorial a questão do tempo para nortear as exposições do programa oficial desta 13.ª edição do evento. A exposição que mais diretamente se refere ao mote do festival de 2010 é a coletiva Entre-Tempos - Instantes, Intervalos, Durações, inaugurada ontem para o público no Teatro Fernán Gómez de Madri e em cartaz até 25 de julho.Estão na mostra obras de 17 artistas contemporâneos, não estritamente fotógrafos. A questão do fotográfico e do tempo é levada na exposição a partir de quatro tópicos relacionados por Mah: o efeito da interrupção do movimento do objeto retratado, o que abre espaço para se criar narrativas para o que estaria acontecendo antes e depois do momento registrado; o destaque ao efêmero, que joga luz em eventos banais; as ações de apropriação de imagens; e o paradoxo entre o estático e dinâmico, o que faz uma relação da fotografia e o cinematográfico. "Fala-se, portanto, na mostra da percepção", resume o curador. Independentemente de algum desses segmentos, todas as obras da exposição tocam na experiência do alargamento do tempo.Um dos destaques é Dia por Noite (2009), da inglesa Tacita Dean. Na obra feita em película 16 mm estão filmados os objetos do ateliê do italiano Giorgio Morandi (1890-1964), conhecido por suas naturezas-mortas em que pintou apenas garrafas. Os utensílios eternizados em pintura pelo italiano são trazidos agora para o nosso tempo, fazendo-se, assim, um contraponto estranho entre o banal e o que foi mistificado. Os retratos de telas de projeção de cinema em drive-ins, do japonês Hiroshi Sugimoto, também são misteriosos: na rigidez formal das composições em preto e branco, não sabemos mais uma vez em que tempo estamos. / C.M.

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