17 de agosto de 2010 | 00h00
Do outro lado do ringue, um experiente músico confessava que jamais ouvira a Fantasia para Piano e Orquestra, de Debussy. Obra de juventude, é ao mesmo tempo tradicional e antenada, mostrando brechas que seriam mais tarde exploradas pelo compositor. À regência precisa e entusiasmada de Arvo Volmer, acrescentou-se o piano inquieto e criativo de Jean-Efflam Bavouzet. Novo bingo: até profissionais da música em busca do novo tinham ali a chance de conhecer uma obra interessante de um compositor-chave do século 20.
No originalíssimo Concertino de Leos Janácek para piano solista, clarineta, fagote, trompa, dois violinos e viola, os dois primeiros movimentos são basicamente diálogos isolados entre o piano e a trompa e o piano e a clarineta. Bavouzet foi soberbo nesta obra moderna, assumindo os violentos contrastes dinâmicos que a partitura requer. Terceiro bingo: deixou boa parte do público querendo mais.
O derradeiro lance criativo foi a escolha de uma sinfonia raramente tocada de Sibelius, a sétima, seu mais conciso experimento no gênero. Sim, Sibelius foi mais moderno do que geralmente se pensa. O compositor finlandês é uma das especialidades de Volmer, que em seu primeiro concerto com a Osesp demonstrou segurança, talento - e, acima de tudo, conquistou a adesão dos músicos. Último bingo: total comprometimento da orquestra.
Cotação: ótimo
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