22 de janeiro de 2011 | 00h00
Este último é um disco irregular, mas a semente da redenção dos Doors foi plantada nele, especificamente em Roadhouse Blues, faixa que abre com guitarras ronronantes e tem Morrison despejando com raiva no acetato todo o lodaçal em que havia se metido.
E foi assim que o blues salvou os Doors. Se não da morte (Morrison sucumbiria a uma overdose no ano seguinte), pelo menos da mediocridade. O disco seguinte, L. A. Woman, calcado inteiramente nos afluentes do Mississippi, é um belo exemplo da simplicidade contundente que se alcança quando o gênero é abordado com sinceridade. Não é à toa que virou clássico e está na lista dos 500 melhores de todos os tempos pela Rolling Stone.
No caminho desta retomada encontra-se o registro ao vivo Live in Vancouver 1970, gravado entre os dois últimos discos. O show começa com Morrison entoando de forma lânguida e levemente enevoada a melodia de Roadhouse Blues, como se repousasse sobre a pulsação da banda, encontrando ali alguma paz em meio ao vendaval da fama.
A partir daí, a banda navega com leveza por uma série ininterrupta de puro blues. As guitarras do ótimo Robby Krieger incendeiam o clássico Back Door Man, de Willie Dixon, e dão o peso de Five to One. Morrison acompanha, se desfazendo da postura torpe e uivando endoidecido. Mas o melhor vem quando um inconfundível riff anuncia uma canja do mestre bluesman Albert King. A faixa é Little Red Rooster e o demolidor de veludo, como era chamado, resolvera dar uma palavrinha de quatro músicas àqueles meninos perdidos. Parece que deu certo.
THE DOORS
LIVE IN VANCOUVER
1970
Warner Music
Preço: R$ 30 (duplo)
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