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Público verá acervo raro do mosteiro de Salvador

O Mosteiro de São Bento de Salvador, fundado em 1582, coloca à disposição de pesquisadores a partir de hoje, obras raras como cartas de alforria e depoimentos sobre a Guerra de Canudos

Por Agencia Estado
Atualização:

O testamento original de Catarina Paraguaçu, assinado na segunda metade do século 16, cartas de alforria de escravos, depoimentos de soldados que lutaram na Guerra de Canudos, o livro sobre a vida de Santo Alberto Magno editado em 1504. Essas são apenas algumas das raridades que o Mosteiro de São Bento de Salvador, fundado em 1582 está colocando à disposição de pesquisadores com a inauguração hoje, do Centro de Documentação e Pesquisa do Livro Raro Dr. Norberto Odebrecht. São 20 mil volumes dos cerca de 300 mil livros e documentos que fazem do acervo do Mosteiro de São Bento um dos mais importantes da América Latina, formado ao longo de 422 anos de história. Nas estantes estão obras em português como velhas edições dos Sermões de Vieira, uma coleção de 221 volumes sobre Patrologia (estudo da vida de padres e santos) publicado em 1854 pela editora francesa Migne, além de obras sobre teologia e filosofia em alemão e francês. Os livros mais deteriorados pelo tempo são recuperados na oficina de restauro do mosteiro, por uma equipe de dois restauradores sob a supervisão de um monge. Montado em 1996 graças à ajuda do Grupo Odebrecht o ateliê de restauro já recuperou volumes centenários, com destaque para o Livro Velho de Tombo do Mosteiro ou Livro I, aberto em 1582, onde estão registradas as primeiras doações aos beneditinos, como as terras deixadas pela índia Paraguaçu, mulher de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, em setembro de 1586 e as propriedades legadas em 1584 por outro personagem famoso da história da Bahia, Gabriel Soares de Souza. Ele escreveu um livro fundamental sobre o século 16 na Bahia, o Tratado Descritivo do Brasil, que, como o nome sugere descreve o que existia na época na primeira capital do Brasil. O acervo beneditino ainda guarda raríssimos Incunábulos, livros escritos antes de 1550, as cartas de alforria dos escravos do mosteiro (todos foram libertados em 1871, 17 anos antes da abolição) e anotações sobre combatentes de Canudos que costumavam se confessar no mosteiro. O padre beneditino José Boer, holandês que está na Bahia há dois anos e administra a biblioteca, salienta a importância do acervo para a história. "Alguns desses volumes estavam na biblioteca particular dos monges na clausura e estão sendo compartilhados pela primeira vez". Em setembro, o Museu de São Bento vai realizar uma exposição para o público em geral de 30 livros raros.

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