Próximo verão terá liberdade de roupas, diz Glória Kalil no SPFW

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Por FERNANDA EZABELLA
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Um verão sem itens obrigatórios, de todos os comprimentos e dos mais variados tecidos. É assim, democrático, que o próximo verão deverá surgir nas lojas e ruas do Brasil, como demonstraram estilistas durante a semana de moda de São Paulo. "Vi poucas novidades e muitas coisas antigas que voltaram com propostas diferentes de uso", disse à Reuters a consultora de moda Glória Kalil. "Esse é o verão da liberdade. Não há tendências definidas, claras." Como exemplo, a especialista citou as saias, que apareceram minis, longas e na altura e abaixo do joelho. Já as calças continuam com a cintura um pouco alta, mas também há pantalonas, saruel e boca-de-sino. Uma das peças "antigas" com novas propostas foi o macacão, em vários estilos, de regata ou tomara-que-caia, com tecidos nobres ou esportivos. A Colcci exibiu macaquinhos em jeans branco, e a Maria Bonita usou o linho de uma cor só ou pintado à mão. O tema da água permeou algumas coleções, como a da Osklen, Ellus e Ronaldo Fraga, garantindo uma certa luminosidade em seus tecidos e criações. O brilho permanece forte no verão, substituindo o tsunami de estamparias tão lugar-comum nessa época do ano. Para Adriana Bechara, coordenadora de moda da revista Vogue no Brasil, há uma busca pelo dourado, presente em diversos desfiles. Isabela Capeto bordou paetês dourados em suas jaquetinhas e vestidos. Gloria Coelho criou uma segunda pele de escamas douradas para suas modelos, e a Ellus metalizou suas jaquetas perfecto. Para Adriana, o dourado traduz uma vontade dos estilistas por uma atmosfera barroca, criada também pelos acessórios exagerados. "Acho que a novidade de acessório hoje é a bijuteria", afirmou. "É uma bijuteria rebuscada, tão sofisticada que ou imita uma jóia muito cara e impossível ou ela é uma instalação", disse Adriana, citando as gargantilhas de pérolas gigantes de Reinaldo Lourenço e o cinto de cristais bordados de Gloria Coelho. Os saltos também seguem a tendência "escultural", como os de Alexandre Herchcovitch, Uma e Animale. Para Glória Kalil, este é o sinal de que chegou ao fim o verão das sandálias rasteirinhas. A consultora de moda Costanza Pascolato, empresária da tecelagem Santa Constancia, pareceu animada com o rumo da moda brasileira e elogiou muito os desfiles da Osklen, Maria Bonita e Reinaldo Lourenço. "Pelo que vi até agora, achei que as pessoas estão realmente se esforçando para ter uma qualidade diferenciada, estão tomando vários rumos mesmo que a gente não veja na passarela", disse Pascolato à Reuters. "A Osklen está sendo copiada lá fora já", afirmou Costanza, que diz acompanhar blogs de moda pelo mundo inteiro. "A Maria Bonita fez um desfile que poderia estar em Paris em termos de categoria e qualidade... O Reinaldo flertou com a alta costura... aquele trançado de palha, que aliás é de cadeira, em tiras de cetim nos vestidos, isso vai ser copiado no mundo todo." Após cerca de 50 desfiles em sete dias, no pavilhão da Bienal, no parque do Ibirapuera, o São Paulo Fashion Week termina nesta segunda-feira.

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