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Projetos valorizam cultura afro-brasileira

Por Agencia Estado
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Amanhã, Dia Nacional da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares, três projetos culturais - um musical e outros dois literários - reforçam a valorização da negritude afro-brasileira. O grupo mineiro Berimbrown aproveita a data para fazer show de lançamento do CD Aglomerado (OBI Music), o segundo da carreira, na Directv Music Hall. Haverá ainda a participação de convidados, como o americano J.J. Jackson. Levando em punho a bandeira da black music, o Berimbrown tem uma trajetória curiosa. Todos os integrantes da banda vêm da periferia de Belo Horizonte. Poderiam ter seguido o caminho da marginalidade, mas preferiram o da música. Como ´berimbrowns´, conquistaram em 1998 o Profest, um dos principais festivais de bandas independentes, realizado em Minas. Logo no primeiro CD, lançado em 2000 por uma gravadora independente, venderam 6 mil cópias (número expressivo para um trabalho independente). "As pessoas estão cansadas sempre das mesmas coisas, mas ao mesmo tempo existe a questão da consciência negra. Acabamos agradando a todas as classes sociais", diz o fundador da banda, Mestre Negoativo, tentando justificar a boa aceitação por parte do público. Neste novo trabalho, Aglomerado, o grupo faz uma fusão de ritmos genuinamente black, como funk, reggae, samba e soul, e conta com uma forcinha de convidados especiais: o rapper Thaíde e a cantora Sandra de Sá. Já a Praça da República, na região central de São Paulo, abriga, entre as 14 e 22 horas, um evento especial, com música, culinária, artesanato, dança e literatura afro-brasileiras. As atividades são promovidas pela Coordenadoria Especial dos Assuntos da População Negra, Secretaria Municipal de Cultura e Instituto Todos a Bordo. O show do rapper MV Bill encerra as comemorações. Também amanhã, às 20 horas, o Sesc Pompéia servirá de cenário para o lançamento do livro Terras de Preto (Editora ABooks), com imagens do fotógrafo Ricardo Teles. A obra reúne 132 imagens, em preto-e-branco, que documentam o modo de vida da população de nove quilombos existentes no Brasil (entre os mais de 900 espalhados pelo País). São eles: Trombetas e Igarapé dos Pretos, no Pará; Frechal e Jamary dos Pretos, no norte do Maranhão; Conceição das Crioulas, no sertão pernambucano; Rio das Rãs e Mangal, no sertão baiano; Kalunga, na Chapada dos Veadeiros, Goiânia; e Vale da Ribeira, em São Paulo, na divisa com o Paraná. Teles levou nove anos, entre andanças, pesquisas e busca de patrocínios, para concluir o belo projeto. Seu primeiro contato com uma comunidade negra rural se deu por acaso, enquanto fazia uma reportagem no Maranhão. Essa primeira comunidade foi Frechal. E, apesar de certo apuro em que se envolveu ao ser confundido com um mandado do latifundiário que exigia as terras dele de volta, o fotógrafo identificou-se de imediato com o tema. Segundo Ricardo Teles, Frechal foi uma das comunidades pioneiras na conquista da posse coletiva das terras ocupadas por seus antepassados, por meio de um dispositivo criado pela Constituição de 1988. Outros quilombos recorreram às leis, com auxílio de entidades ligadas a essas comunidades. "Eles descobriram que, por meio da organização, podem ter acesso à cidadania", pondera ele. Ricardo Teles enfatiza que não teve pretensões de fazer um estudo antropológico. "Usei a fotografia para mostrar um Brasil desconhecido", afirma. "Na hora da edição do livro, usamos a linguagem fotográfica como uma narrativa." Pierre Verger - Mais do que um estudioso, o fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger (1902-1996) foi um apaixonado pela cultura afro-brasileira. Babalaô do candomblé, viveu grande parte de sua vida em Salvador, adorava os baianos e tornou-se amigo de personalidades daquela terra, como do escritor Jorge Amado. Um pouco do seu legado pode ser conferido no livro Saída de Iaô, recém-lançado pela Axis Mundi Editora. A obra, organizada por Carlos Eugênio Marcondes de Moura traz cinco ensaios sobre a religião dos orixás e cerca de 80 imagens de Verger, além de uma síntese biográfica feita pelos antropólogos Rita Amaral e Vagner Gonçalves da Silva. O prefácio do livro é assinado pelo jornalista Luiz Pellegrini, que encontrou Pierre Verger três meses antes de sua morte. "Verger não se mostrava muito por meio da escritura, mas muito na fotografia", analisa Pellegrini. Na visão do jornalista, Verger era um inquieto e usava sua profissão para satisfazer o desejo de humanidade. "De tradição judaica, ele me disse que a liberdade e a alegria de viver o fez escolher a religião afro-brasileira." Serviço - OBI Music. Amanhã, às 21h30. R$ 25,00 (pista) e R$ 70,00 (camarote). Directv Music Hall. Avenida dos Jamaris, 213, tel. (11) 6846-6000. Patrocínio: Volkswagen Polo. Terras de Preto. De Ricardo Teles. ABooks Editora. 164 páginas. R$ 90,00. Exposição: de terça a sábado, das 9 às 22 horas; domingos e feriados, das 9 às 20 horas. Sesc Pompéia. Rua Clélia 93, tel. (11) 3871-7700. Até 30/11. Lançamento do livro a partir das 20 horas Saída de Iaô. De Pierre Verger. Axis Mundi Editora. 200 páginas. R$ 65,00.

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