Projeto registra os últimos dias do Circo Garcia

Jornalista acompanhou por um ano em viagens pelo País a rotina da trupe, que recém encerrou suas atividades. O resultado aguarda apoio para virar livro

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Por Agencia Estado
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A jornalista Fernanda Prado, de 22 anos, estava iniciando o trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista (Unimep) quando pisou pela primeira vez com sua Canon na arquibancada do Circo Garcia. Sua lona tradicional, sob a qual nasceram alguns dos melhores artistas circenses do País, foi desmontada no dia 29 de dezembro, por problemas financeiros, depois de 75 anos de atividades. Intitulado Vida de Circo - Realidade e Fantasia, o trabalho universitário de Fernanda ganhava proporções maiores à medida que a então estudante se embrenhava nas apresentações da trupe, nos bastidores dos shows, nos camarins improvisados nos trailers que os artistas chamam de lar. Para fazer o trabalho, a jornalista passou um ano acompanhando o grupo. Foi a todas as cidades por onde o circo passou em 2001. O suficiente para registrar 1.352 imagens em formato 35 milímetros. "Fiquei tão encantada com aquilo que pensei em deixar tudo para ir embora com eles", conta Fernanda, hoje lutando para publicar seu livro com as imagens da história de um circo inesquecível. Uma obra que será bem-vinda para os amantes da arte circense. Pouco se tem documentado do Garcia, que chegou a ser o quarto maior circo do mundo, um dos mais imponentes do Brasil. Acabaram surgindo aí fotografias históricas para a cultura brasileira. Os registros fotográficos que marcam o último capítulo da obra seriam mais ou menos como um último capítulo da história do circo. "Essa parte do livro traz fotografias do circo indo embora, a lona no chão", explica Fernanda. São fotografias poéticas que retratam duas fases do dia-a-dia do Garcia: as feitas em filme preto-e-branco mostram a realidade do circo, os bastidores, o trabalho dos circenses; as coloridas contam um pouco do espetáculo, do show, da magia. As imagens trazem detalhes do cotidiano circense - sob a visão de quem admira o circo desde a infância - aproveitando-se de vestígios de luz e sombras. A fotógrafa chegou a escalar a lona para fazer uma das imagens mais tocantes do trabalho: os palhaços deitados no picadeiro, exaustos depois de brincar e fazer rir na sua apresentação. Agora, além de buscar patrocínio para publicar o livro, Fernanda tenta expandir o projeto para outros picadeiros. "A idéia é fazer um mapeamento do circo brasileiro, documentando outros trabalhos", explica. Ela reconhece, entretanto, a dificuldade para o projeto ganhar corpo. A fotógrafa busca há meses apoio para o projeto. "Conseguir um patrocínio para o livro é tão difícil quanto manter o circo de pé." Contatos podem ser feitos pelo e-mail fernandabprado@uol.com.br ou pelo telefone (11) 9336-4521.

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