Projeto Guri vai representar o Brasil na ONU

Meninos do programa, cujo custo é extremamente baixo para o Estado, participam em setembro da Assembléia Geral das Nações Unidas em favor da infância

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Por Agencia Estado
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No dia 14, às 10 horas, as meninas Elaine e Duase embarcam em Guarulhos para sua primeira viagem internacional. Não é uma viagem comum: entre os dias 19 e 21 de setembro, elas estarão representando o Brasil na Assembléia Geral das Nações Unidas em favor da infância. Elaine Cristina Mathias de Paula e Duase Egle Santos são violinistas em um dos pólos orquestrais do Projeto Guri, um dos mais bem-sucedidos programas para jovens carentes do País, realizado em São Paulo pela Secretaria de Estado da Cultura. Além do Projeto Guri, as Nações Unidas selecionaram os programas infantis da Pastoral da Criança e a Bolsa-Escola da Comunidade Solidária para irem a Nova York. Distinguido em 2000 com o Prêmio Multicultural Estadão Cultura, o Projeto Guri tem um custo extremamente baixo para o Estado - são R$ 15 reais por criança ao mês, chegando a R$ 4 mil por mês por pólo cultural. Ainda assim, há cerca de 200 crianças na fila esperando por uma oportunidade para entrar no programa. É por conta disso que, com a delegação brasileira, vai a Nova York o governador Geraldo Alckmin, em busca de um financiamento de R$ 30 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a expansão do projeto. O presidente do banco, Enrique Iglesias, conheceu o programa em São Paulo e está interessado em investir nele. "A experiência nos mostra que, onde não há projeto cultural, a violência é maior", diz o secretário da Cultura do Estado, Marcos Mendonça. Não é só a experiência que baliza a convicção de Mendonça. Ele está de posse de uma pesquisa da Seade que mostra que 49% dos internos da Febem vêm das regiões sul e leste, onde há menor concentração de equipamentos culturais. Para Mendonça, o Projeto Guri não é somente necessário, mas imperioso. "Hoje, são 84 crianças por dia encaminhadas para a Febem, o que implicaria a construção de uma unidade-padrão por dia", explica. "Se não estimularmos os projetos que previnem essa violência, não haverá futuro." Segundo ele, o Projeto Guri não é apenas uma maneira de manter ocupados os jovens da periferia. "É uma lição de disciplina, de atuação em grupo, de solidariedade - valores que constroem a cidadania e a personalidade e dão uma condição excepcional para enfrentar a vida", pondera. As crescentes reuniões na Febem acabaram por trazer problemas para o Guri em passado recente. Hoje, o pólo mais atuante do programa dentro da instituição é a ala feminina da Febem Brás, que mantém 40 meninas tocando numa camerata de violões e cavaquinhos. A próxima etapa, diz Beth Parro - coordenadora do Guri desde sua criação, em 1995 -, é reconduzir 500 meninos da unidade para o programa. Segundo Beth, a ida à ONU representa um respeitável impulso para as pretensões de ampliação do programa. "Estamos indo representar o Brasil, participando o tempo todo do plenário", comemora. Entusiasmada, ela faz planos de levar a Orquestra Guri para tocar no aeroporto, no dia do embarque.

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