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Projeto forma platéias para filmes brasileiros

O Olhar de Renato Aragão inicia hoje, na TV Escola, a quarta edição da série A Redescoberta do Cinema Nacional, que atende a objetivos didáticos e estratégicos

Por Agencia Estado
Atualização:

Por sua relação custo-benefício, a série de programas A Redescoberta do Cinema Nacional é uma das iniciativas mais bem-sucedidas do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual. Pelo quarto ano consecutivo, o projeto volta neste sábado ao ar, exibindo 58 filmes até novembro. São obras de ficção e documentários, de curta e longa-metragem. O ministério destina apenas R$ 198 mil para o desenvolvimento do projeto, que se beneficia da estrutura da Rede Escola e tem apoio dos diretores e produtores, que cedem os direitos de exibição, em reconhecimento à importância social do programa. Não é por acaso que o secretário José Álvaro Moisés, do Audiovisual, define A Redescoberta do Cinema Nacional, como "um encontro com o Brasil e a cidadania". Dividida em módulos, a nova fase do Redescoberta começa sábado às 16 horas, com reprise domingo, também às 16 horas, exibindo O Olhar de Renato Aragão. Trata-se de um documentário de pouco mais de uma hora de duração, que seleciona cenas de dez filmes dos Trapalhões e também colhe depoimentos para colocar na tela uma faceta importante, mas ainda pouco conhecida do grupo: a preocupação social. São filmes como O Cangaceiro Trapalhão, O Cinderelo Trapalhão e A Princesa Xuxa e os Trapalhões, entre muitos outros. Tratam de temas como o lado mais quixotesco da marginalidade, as distorções sociais que produzem o menor abandonado e levam à exploração do trabalho infantil. Claro que tudo isso é desenvolvido num estilo ameno, à base de humor pastelão, mas serve aos objetivos do programa. Em seguida virão obras intelectualmente mais ambiciosas e engajadas: documentários como O País de São Saruê e Conterrâneos Velhos de Guerra, de Vladimir Carvalho; Aruanda, de Linduarte Noronha; Getúlio Vargas, de Ana Carolina; e Jorjamado no Cinema, de Glauber Rocha; ficções como Sábado e Boleiros, de Ugo Giorgetti; Louco por Cinema, de André Luís de Oliveira; e Como Ser Solteiro, de Rosane Svartman. O secretário José Álvaro Moisés define A Redescoberta do Cinema Nacional como parte de uma política pública voltada para a preservação cultural do povo brasileiro e para a consolidação da atividade cinematográfica no País. "Na verdade, o projeto expressa nossa preocupação em formar platéias; o produto norte-americano é hoje hegemônico em nosso mercado; nada contra os filmes produzidos por eles, mas eles não podem ser a única alternativa estética e cultural." Convencido de que o povo brasileiro tem de se ver na tela e que é preciso educar o público desde cedo para isso, o projeto da Redescoberta usa a rede pública da TV Escola para cumprir seu objetivo social. Inicialmente, o projeto atingirá 62 mil escolas de 1.º e 2.º graus de todo o Brasil, num público estimado em 6 milhões de telespectadores. Somados aos 8,5 milhões de antenas parabólicas espalhadas pelo País, chega-se ao público estimado de 30 milhões de espectadores. E isso é só o começo, pois em breve o programa estará na televisão aberta (TV Cultura e TVE) e também no sistema de TV a cabo (TV Cultura e Arte, TVs Câmara e Senado). A idéia é que professores assistam a esses filmes com seus alunos, que os gravem e depois repitam na sala de aula, para estimular atividades didáticas que tenham por objetivo o estímulo à formação da cidadania. Moisés destaca que a veiculação dos filmes, no sábado e no domingo, não é aleatória. Atende a uma realidade. Em muitos rincões do Brasil, a escola funciona como centro comunitário e de lazer, às vezes único. Assim, a divisão em módulos não visa atender apenas à divulgação dos temas básicos da formação cultural, histórica e social do povo brasileiro, mas também oferecer alternativas de lazer a uma população que está carente delas. Pode-se identificar nas conseqüências de outras ações do governo a origem dessa carência: desemprego, perda do poder aquisitivo, concentração de renda. A crítica não pode nem deve invalidar uma iniciativa como o projeto A Redescoberta do Cinema Nacional, que vem complementado por 400 mil revistas entregues aos professores, contendo sinopses dos filmes, como material de suporte para as disciplinas de história, geografia e português.

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