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Projeto ensina primeiros passos para fazer filmes em Batatais

Oito curtas feitos pela comunidade local serão exibidos hoje e avaliados pelo cineasta José Mojica Marins

Por Brás Henrique
Atualização:

O projeto Meu Primeiro Filme, desenvolvido entre março e julho, em Batatais, na região de Ribeirão Preto, envolveu cerca de 40 pessoas, entre jovens e adultos da comunidade local, que aprenderam os primeiros passos para fazer cinema. Oito curtas-metragens, com menos de dez minutos cada um, foram produzidos e finalizados no formado digital nesse período. ''''Podemos fazer cinema no interior e de forma barata'''', diz o diretor José Adalto Cardoso (que já trabalhou com Amacio Mazzaropi), que coordenou o projeto. Hoje, os oito filmes serão exibidos na 1ª Mostra do Cinema Batataense, com o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, entregando os certificados, analisando as produções e respondendo às perguntas dos alunos da oficina. Os alunos aprenderam desde a concepção do roteiro, passando por preparação de atores, filmagens e edição. ''''Foi pouca teoria e mais prática'''', diz Cardoso, que conseguiu que a prefeitura de Batatais investisse cerca de R$ 10 mil no projeto, cedendo uma câmera VHS e um computador não-linear para a edição. A projeção dos filmes será em DVD, que terá cópias disponibilizadas em todas as locadoras da cidade para empréstimo (não aluguel). ''''Queremos mostrar o que produzimos a todos'''', avisa Cardoso, que fez o convite a Mojica para participar da projeção de estréia, pois foi com o cineasta que ele iniciou a carreira na década de 1960. ''''Faço isso desde os anos 1970 e não é novidade para mim, mas quero que isso se expanda para outras cidades, pois é muito bom para a cultura e para quem gosta do cinemão'''', comenta Mojica, que não estará na pele de seu personagem Zé do Caixão na mostra de Batatais. ''''Vou julgar os trabalhos, fazer a minha crítica construtiva e dar o caminho, além de esperar ser surpreendido com as histórias'''', emenda o cineasta. Entre os jovens pretendentes a cineasta está Guilhermo Sganzerla, de 19 anos, filho de um primo distante de Rogério Sganzerla, que dirigiu O Bandido da Luz Vermelha. ''''Sempre gostei de filmes e me interesso pelo audiovisual, e começaram a associar o meu sobrenome, mas não tenho nenhuma pretensão de ser como o Sganzerla'''', diz Guilhermo, que dirigiu dois curtas: Visita Íntima e Rua Fissura Ôntica (esse trabalhando com imagens e luzes). ''''Tive liberdade para fazer o que queria e pude conhecer pessoas que se interessam por cinema na cidade'''', acrescenta ele. Cardoso revela que Guilhermo gosta de filmes experimentais. A atriz Maria Carolina Viccari, de 25 anos, também dirigiu dois filmes, um de ficção (Efeito Bumerangue) e um documentário sobre a valorização da memória do idoso (Recordar É Viver), e vai aproveitar o aprendizado para defender tese de mestrado em cinema na Unicamp. Formada em artes cênicas, já tinha noção de seqüência, de câmera, mas faltava a prática. ''''A experiência maior foi dirigir, fazer todo o processo'''', diz ela, considerando o dia mais complicado e cansativo o de gravação. ''''É muito trabalho para sair uma história em apenas sete minutos'''', comenta Maria Carolina, que gostou da iniciativa de Cardoso. ''''Nunca houve nada parecido em Batatais e tivemos um espaço para colocar nosso lado criativo em prática'''', destaca ela. O músico e professor de informática Leonardo Medeiros, de 25 anos, dirigiu e atuou em Garoto Linha Dura, baseado em conto de Stanislaw Ponte Preta, o único curta que seguiu a idéia original do projeto - os demais partiram para idéias próprias. ''''Gostei demais, foi fantástico e esse primeiro contato prático abriu mais possibilidades'''', afirma Medeiros, que pensa em continuar produzindo e participar de festivais de cinema. Os outros três curtas produzidos em Batatais são Verdadeiro Amigo, Reefdom e O Aniversário de D. Pedro. ''''São histórias legais e respeitamos a criatividade dos alunos'''', destaca Cardoso. Cada grupo tinha o nome de um diretor paulista, como homenagem: Mojica, Carlos Reichenbach, Jean Garret, Guilherme de Almeida Prado, David Cardoso, Carlos Coimbra e Ozualdo Candeias.

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