PUBLICIDADE

Programaço de Indie

Festival em parque de diversões junta na noite de hoje Pavement e Smashing Pumpkins, da velha guarda alternativa, a Of Montreal e Yeasayer, dos novos independentes. E ainda tem Hot Chip, Mika, Phoenix...

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Para a geração que gira em torno dos seus 30 anos, uma reunião do Pavement equivale a um encontro entre o Led Zeppelin para a geração anterior. Muitos entusiasmados dirão também que o retorno do Smashing Pumpkins é a melhor notícia alternativa da temporada, como se fosse uma reunião do Velvet Underground para os cinquentões.Esta quarta edição do Planeta Terra Festival, hoje, a partir das 13 horas, no Playcenter, em São Paulo, permite esse curioso exercício de testar a capacidade de permanência de duas forças recentes do indie rock. O festival também liga, em dois anos consecutivos, as duas pontas históricas do rock alternativo. No ano passado, veio o Sonic Youth, que foi o fundador de toda uma onda - antítese do punk e da new wave, trouxe requintes melódicos sob um caos instrumental. O Sonic Youth soube aliar certa atitude e vigor a um grande senso de experimentalismo. Influenciou barbaramente grupos de maior sucesso, como Pavement, Smashing Pumpkins e Nirvana.Pois justamente esses filhotes, Pavement e Smashing Pumpkins, são as duas principais atrações da edição 2010 do festival. O Pavement, de certa forma, já esteve no Brasil - foi quando seu mentor, cabeça, intelecto e braços, Stephen Malkmus, veio com sua outra banda, The Jicks, no Sesc Pompeia, em 2002. The Jicks era um power trio que fazia um fino garage rock e tinha Malkmus (voz e guitarra), John Moe (bateria) e JoAnna Bolme (baixo). Munido apenas de um falsete e um ataque preciso de guitarras, Malkmus mostrou como se fazia um bom rock de garagem, despojado (mas não sem elaboração) e energético, hipnotizando os poucos gatos pingados que se dispuseram a ir à Pompeia naquela noite. Ninguém foi embora antes do quarto bis.Mas Malkmus teve de ceder à imperiosidade: é o Pavement que se tornou referencial para uma geração. Em março, o grupo lançou uma coletânea, Quarantine the Past: The Best of Pavement, e voltou à estrada.Imperdível também uma derivação glam do Pavement, que chega pela primeira vez ao Brasil: o ótimo Of Montreal, liderado pelo boquirroto Kevin Barnes, indie do fim da década. O grupo lança aqui False Priest (Polyvinyl Records), que saiu em setembro, um disco que eles chamam imodestamente de "obra-prima" e tem participações de Janelle Monáe e Solange Knowles (irmã de Beyoncé). O trabalho é produzido pelo premiado Jon Brion (Kanye West, Fiona Apple). Nascido em Athens, na Geórgia, o estilo eufórico de Barnes arrebata fãs mundo afora (o nome da banda foi criado após um pé na bunda que Barnes tomou de uma garota de Montreal).Já o Girl Talk (rótulo sob o qual se abriga o produtor Gregg Gillis) volta ao Brasil após ter se apresentado no TIM Festival de 2007. Chega com um disco fresquíssimo na bagagem, All Day (selo Illegal Art), no qual, entre outras barbaridades, coleciona AYs, OHs e HUHNs que foram pronunciados em discos nos últimos 30 anos. Também aponta sua metralhadora de mash-ups para músicas de MGMT, Phoenix, Arcade Fire, The Rapture, B.I.G., Elton John, Trina, Fleetwood Mac, Kanye and Backstreet Boys, e funde Africa, do Toto, com Hot Spot, de Foxy Brown, entre outras excentricidades.Gillis fez furor em 2006 ao lançar Night Ripper, trabalho no qual rapinava trechos de músicas de 167 artistas, alguns deles mais de uma vez, repetidamente, o que dava uma média de citação, num único álbum, de 6.250 samples. Com um detalhe: Girl Talk não tinha pedido autorização legal a ninguém para usar as músicas. Gillis, da Pensilvânia, tinha 25 anos na época, e dividia o ofício de alquimista musical com o de engenheiro biomédico em Pittsburgh, onde vive.Outro bom estreante em terras brasilis é o Yeasayer, estrela da nova onda do Brooklyn. Misturando pop, rock, Oriente Médio e música africana, além de dub, o grupo tem feito furor na nova cena. As outras atrações já são mais conhecidas: Phoenix, Hot Chip, Mika (britânico que emula com sucesso Freddie Mercury), Empire of the Sun e Passion Pit (sucesso com Chunk of Change). Do Brasil, estão na escalação Mombojó, Novos Paulistas, República, Hurtmold e Holger. Os ingressos estão esgotados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.