Programa de Roberto Justus dá ibope

O Aprendiz de Robertu Justus duplicou a audiência da Record de 6 para 13 pontos, com o objetivo de demitir pessoas em rede nacional

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Por Agencia Estado
Atualização:

O programa O Aprendiz de Robertu Justus duplicou a audiência da Record - de 6 para 13 pontos - com uma receita importada, cruel e milagrosa: demitir pessoas em rede nacional. Com ele, o publicitário bem-sucedido deixou de ser o ex-marido das apresentadoras de TV para se converter ele mesmo num apresentador polêmico. O mau humor com o qual o senhor aparece para apresentar o "Aprendiz" é proposital? É preciso impor uma situação de respeito. Eu não queria que os candidatos me temessem, queria que entendessem minha seriedade. Senti que isso pegou bem. Eles entram naquela sala de reuniões muito preocupados. Ninguém nunca foi demitido em rede nacional. É dramático, mas muito pior será o dia em que estiverem trabalhando em minha empresa e eu tiver de demiti-los. Não será em rede nacional, mas será muito pior. Qual a diferença do seu programa para outros reality shows? O conteúdo é mais sólido. Há reality shows em que você tem de ficar com a mão em cima de um carro. Esse não. Esse você busca uma carreira. Sempre faço questão de dar informações interessantes durante o programa. Falo sobre quais habilidades uma pessoa tem de ter para ser um bom vendedor, por exemplo. E a grande parte do que acontece ali é verdadeiro. Não tem script, roteiro, não tem nada. O seu programa inaugura a era da demissão na TV... Tenho de corrigir a "era da demissão" para a "era do emprego". Este é o assunto. A situação econômica do País vem melhorando, mas ainda está dramática. Para todos os pais, filhos, recém-formados, universitários, emprego é o nome do jogo. Ninguém quer ganhar apenas um prêmio como o do Big Brother, um dinheiro que amanhã some da sua mão. As pessoas querem uma carreira, algo que representa muito mais do que dinheiro. Então, corrigindo, não é o demitido quem dá audiência. Claro que é o que nos dá o aspecto dramático... Que é muito importante para a audiência. Mas também é importante para a audiência entretenimento, informação e drama. É uma combinação dos três. Ninguém vai me dizer que aprenderá grandes coisas assistindo ao pessoal do Big Brother. O que explica tanto interesse das pessoas em ver gente sendo demitida? Esse é o momento final da proposta de seleção onde há 16 pessoas que foram escolhidas entre 26 mil. Elas estão sendo postas em duras provas sendo que, a cada tarefa, você elimina uma delas. A eliminação final se torna o que todos esperam. Mas, se não houvesse toda uma construção, não seria assim. Sua postura de chefe durão e inflexível não está ultrapassada? Não. Engraçado como chama a atenção a demissão e os motivos da demissão. Você não está vendo a recompensa. Eu tenho o estímulo da recompensa em todos os programas. E tenho o castigo da demissão para apenas um dos perdedores. Mas todos os ganhadores são recompensados. Não é ultrapassado. Veja, há um processo que foi claramente falado para as pessoas que dizia como esta seleção iria funcionar. Não é uma seleção normal, mas uma dramatização. Sua biografia impressiona pela precocidade de sua ascensão. Aos 20 anos trabalhava com o pai, aos 25 já tinha sua própria agência... Eu era meu próprio patrão em 1981, quando abri a agência Fischer Justus. A vida não demite alguém que não tem tempo para viver desde os 25 anos? Eu entreguei minha juventude à minha vida empresarial. Tanto que o meu primeiro casamento, que durou nove anos, foi embora por causa da agência. Eu trabalhava até uma da manhã, chegava em casa e as crianças já estavam dormindo. Curti muito pouco o crescimento dos meus filhos. Valeu a pena? Se eu estivesse começando hoje, jamais faria o Aprendiz. Não teria tempo. Depois de 24 anos de trabalho com sócios competentes, não preciso mais cuidar do dia-a-dia dos clientes. E ainda acho que sou jovem para agora poder ter qualidade de vida para mim e meus filhos. O senhor viveu um grande reality show quando se casou com Adriane Galisteu. Sua vida saía em revistas, jornais, TV. O senhor faria este "programa" de novo? Vou falar uma coisa muito sincera. Naquela época eu sofri muito com isso. Não sabia o que era expor a vida pessoal. Mas também entendi que tanto para a Adriane Galisteu como para a Eliana aquilo era importante. Elas deviam satisfação ao público, como acho que hoje eu devo. Estou invadindo a casa das pessoas e elas querem saber sobre a minha vida. O interessante era a fama que eu tinha naquela época. Eu era conhecido por estar namorando ou casado com uma pessoa famosa. Ser parceiro ou marido de alguém famoso não é glória para ninguém. Se estava dando palestra de publicidade e um estudante me pedia um autógrafo, ficava feliz porque estava sendo reconhecido como profissional. Mas me sentia superconstrangido por dar autógrafos porque estava casado com alguma pessoa famosa. Quem me via devia pensar: ´Quem ele pensa que é?´ Estar bem de ibope na televisão, meio do qual suas duas ex-mulheres andam meio apagadas, não dá um gostinho de vitória? Eu disse vitória, não vingança. Do fundo do meu coração? Eu nem penso nisso. Não estou competindo com ex-mulher. Eliana é uma graça, torço por ela. Por que eu teria essa maldadezinha no coração? Eu admiro as duas como apresentadoras. Podem não ser as mulheres ideais para mim, mas são sensacionais como profissionais. Elas são até 100 vezes melhores apresentadores do que eu. O que levaria o senhor a ser demitido de uma empresa? O excesso de franqueza e sinceridade. Isso me levaria a ser demitido porque eu não teria o trânsito político que é preciso ter para se crescer dentro de uma organização. Não sei fazer a costura das relações. Não sei puxar o saco de ninguém.

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