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Preta Gil: baixinha, gordinha e preta pode ser sensual

Em entrevista ao Estado, a filha de Gilberto Gil fala dos rumos de sua carreira de cantora e, a partir de maio, apresentadora de TV

Por Agencia Estado
Atualização:

No final de maio, Preta Gil estréia na TV no comando do Caixa Preta, um game show idealizado por Marlene Mattos (ex-empresária de Xuxa) para ocupar as noites de sábado na Bandeirantes. Cantora, atriz e filha do ministro da Cultura, Gilberto Gil, Preta fala do choque que provocou ao posar nua para capa do seu CD de estréia, dos conflitos que tem vivido e dos planos de ser star. O que você realmente quer ser: cantora, apresentadora ou atriz? Preta Gil - Eu só quero ser feliz. Sou uma cantora iniciante que tem um caminho a percorrer. Não me acho medíocre como atriz, sou honesta comigo e com o público. Depois de ter negado por muitos anos da minha vida, cheguei à conclusão de que nasci para cantar e para representar. Seu pai nunca estimulou você a seguir a carreira dele? Ele nunca deu muita atenção para isso, talvez achasse que não ia demorar muito para eu descobrir minha vocação. Com 17 anos decidi casar e vir morar em São Paulo. Minha produtora de publicidade estava dando certo, por isso ninguém achava que eu estivesse no caminho errado. Quando contei ao meu pai que não estava feliz, não tinha prazer com o que estava fazendo, ele decidiu me apoiar. Não só ele, os amigos, meu filho, Francisco (de 9 anos), o pai dele (o ator Otávio Müller) que topou ficar com o Francisco por dois anos para eu buscar a nova carreira. Assim saí de trás da minha mesa de executiva para me render ao meu talento. Por que você negou a vocação artística? Por medo de comparação, insegurança. Tinha medo de não escolher o repertório certo. Eu gosto de tudo: pagode, axé, funk. Chamo minha música de afoxé funk, uma mistura de ritmos africanos com o suingue urbano. E vendi muito para um primeiro disco: 28 mil exemplares. Ter posado nua para a capa do disco chamou mais atenção? Isso ficou maior do que a música quando o CD saiu. Ter fotografado pelada gerou mais interesse em discutir se eu era gorda ou magra, branca ou preta. Foi um erro? Não acho, eu queria me ver revelada. Por causa dessa atitude eu ganhei um programa de TV. Eu tive de me explicar tanto que a Marlene achou que eu me comunicava bem. Acho que as mulheres se identificaram com minha mensagem de contestar a ditadura da magreza, da escravidão da estética que decreta que só é bonita quem é magra e loira. Mostrei que uma baixinha, gordinha e preta pode ser sensual. Todo mundo tem algo de bonito para mostrar no corpo. As mulheres têm de parar de ficar procurando seus defeitos e valorizar seus dons. Como você lida com a questão da estética? Você acha que eu não queria ser magra? Fiz duas lipoaspirações, na segunda, emagreci 35 quilos. Tinha 27 anos e foi uma operação desnecessária porque saí dela com uma pequena depressão. Em vez de ir no profundo, fui no supérfluo. Foi um auto-flagelo. Aí fui procurar terapia, estudar o budismo, ioga. Sou evangélica. Como é que uma evangélica posa nua? Eu não era ainda. Entrei em contato com uma missionária por meio da minha passadeira e deixei Jesus entrar em mim. Mas não acredito em pastores que pregam na TV. Sou um ser mutante, uma desconstrução de mim mesma.

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