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Preços estratosféricos no mercado de arte mascaram realidade

Desconexão entre os 'melhores' e outras peças à venda é contradição nos leilões

Por MIKE COLLETT-WHITE
Atualização:

LONDRES - Uma publicação de arte comparou as vendas recordes de verão, que acabaram de se encerrar em Londres, a andar sobre a água, embora as casas de leilões digam que não há nenhum milagre por trás dos preços estratosféricos que desafiam o ambiente econômico amplamente pessimista. Três semanas de vendas nas galerias Christie's e Sotheby's, e em rivais de menor porte, terminaram nesta quinta-feira, 5. Mas enquanto os raros tesouros datando do século 14 até os dias de hoje eram rapidamente levados, uma grande quantidade de lotes bem menos desejados ficaram encalhados. A Christie's, maior casa de leilões do mundo, vendeu arte no valor total de 385 milhões de libras (600 milhões de dólares) e registrou recordes para obras de John Constable, Yves Klein e Jean-Michel Basquiat. A Sotheby's, sua rival mais próxima, arrecadou 346 milhões de dólares, valor que sobe para 411 milhões de dólares se for incluída a coleção de Gunter Sachs, vendida em Londres em maio. E também estabeleceu um recorde, para o artista espanhol Joan Miró, cuja obra "Pintura (Estrela Azul)", de 1927, foi vendida por 36,9 milhões de dólares. No entanto, nesse mesmo leilão, os preços ficaram abaixo das expectativas, evidenciando o que alguns peritos consideram ser uma "desconexão" entre o melhor de tudo e tudo o mais à venda. "Quando se lê as manchetes, parece que tudo vai bem no mercado de arte. Não é assim", disse Georgina Adam, colaboradora do Art Newspaper, em um artigo no Financial Times. MILIONÁRIOS ESBANJAM O apetite pelos tesouros mais preciosos está lá para todos verem. Em maio, a única cópia de “O Grito, de Edvard Munch, que ainda estava em mãos de particulares foi levada à venda pela Sotheby's de Nova York. Depois de cerca de 15 minutos de intensa disputa, com acréscimos nos lances na casa dos milhões de dólares, foi arrematada por 120 milhões de dólares, incluindo comissão, em um novo recorde para uma obra de arte em leilão. Os dois recordes anteriores também eram recentes: "Nu, Folhas Verdes e Busto", de Picasso, por 106,5 milhões de dólares, em maio de 2010 (havia sido vendido por 19.800 dólares em 1951; e, em fevereiro de 2010, "O Homem que Caminha", escultura de Alberto Giacometti, por 104,3 milhões de dólares. O valor de negócios privados é ainda mais estonteante. Numa troca amplamente noticiada em 2011, mas ainda não confirmada, o Catar levou o famoso "Os Jogadores de Cartas', de Paul Cézanne - a única versão que não está num museu - por 250 milhões de dólares.

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