Praga homenageia Neruda mas não lê sua poesia

O centenário de nascimento de Pablo Neruda, o poeta chileno ganhador do Nobel de 1971, é comemorado em Praga, cidade onde morou na decada de 50, mas que hoje não publica suas obras

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Por Agencia Estado
Atualização:

Intelectuais hispânicos e latino-americanos residentes na República Checa participaram da inauguração da Sala Pablo Neruda no Instituto Latino-americano de Praga, criada em homenagem ao centenário de nasimento do poeta chileno ganhador do Prêmio Nobel de Literatura e que morou naquele país na década de 1950, quando era um Estado comunista e se chamava Checoslováquia. Pablo Neruda (1904-1973), maior personalidade da poesia chilena do século 20, cujo verdadeiro nome era Neftalí Ricardo Reyes Basualto, escolheu seu pseudônimo em homenagem ao poeta checo do século 19 Jan Neruda. A tradutora checa Anezka Charvatova fez um discurso dizendo ser injusto que Neruda fosse apresentado ao público checo como um poeta comunista, motivo pelo qual sua obra não é publicada atualmente. A embaixada chilena em Praga planeja realizar vários eventos este ano para que a poesia de Neruda seja lida com uma perspectiva diferente "que enfoque seu amor pela beleza, natureza e humanidade", disse Anezka. Neruda era aliado político do presidente esquerdista do Chile Salvador Allende, e favorável ao governo de Fidel Castro em Cuba. "Gabriel García Márquez também era a favor de Castro e seus livros são publicados em todo o mundo, inclusive na República Checa", disse a tradutora. Neruda, que ganhou o Nobel em 1971, morreu em 1973, durante o golpe militar que derrotou Allende e levou os militares ao poder, na figura do general Augusto Pinochet.

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