
02 de março de 2014 | 02h13
O cara da CET veio entender o que tava acontecendo, chegou querendo meter uma de dono da lei... Queridão, eu conheço tua laia. Fica multando geral só pra poder ganhar comissão em cima do cidadão de bem. Eu tenho nojo dessa indústria da multa. Eu já tava meio que de ovo virado, o cara veio crescendo pra cima de mim, não tive dúvida: poste! O mundo não precisa desse tipo de gente, entendeu?
Uma mulher, acho que irmã do cara da CET, veio tentar ajudar. Sei, vestida com aquela roupinha de puta vem querer ajudar? Tá na cara que faz programa. E se passa uma criança ali e vê aquilo? Uma mulher da vida balançando o rabo daquele jeito? Poste nela! É claro que por ser mulher, veio uma gente desavisada tentando ajudar.
O cara da banca, que eu já vi vender cigarro pra menor, meti no poste em 30 segundos. Um camelô que não tinha nem nada a ver com a história foi pro poste porque vender DVD pirata é crime.
Mendigo bêbado, motorista que parou na faixa de pedestre, uma menininha de uns 6 anos que tava respondendo à mãe como se fosse a rainha do Egito, a mãe imbecil que deixa uma filha falar dessa forma, gente pobre, preto, nordestino, veado, foi indo um a um, tudo pro poste. Meu poste já tava parecendo uma árvore de Natal humana, só que com gente da pior espécie. Era eu mostrando pro mundo que aqui pode ser um lugar melhor, eu saí da minha passividade para dar paz à sociedade.
Foi aí, no meu auge, que me prenderam no poste. Do nada. Sem ninguém me falar nada, veio um pessoal, começou a me dar porrada e com um cadeado de bicicleta prenderam meu pescoço. Aí você vê a barbárie humana. Você querendo ajudar e transformar o mundo e a estupidez vem e vence mais uma vez. Agora são 4 da manhã, todo mundo foi solto do poste e só tem eu aqui, esperando chegar o bombeiro com o maçarico. Esse mundo não tem mais jeito não.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.