'Posso contar meu tempo através de mim'

Entrevista com Denise Stoklos, atriz, diretora e dramaturga

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Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Quando você criou espetáculos como Vozes Dissonantes, sobre os 500 anos do Descobrimento do Brasil, havia ali um retrato pessimista, mas alguma esperança. Isso mudou? Denise Stoklos - A gente tinha, sim, uma esperança ali. Mas a gente precisa ter sempre, ou a gente desiste, acaba. Esperança, aliás, é uma palavra proibida para os deleuzianos, porque esperança é esperar e não fazer. Acho que enxergar é importante. E a nossa luta, no teatro, é refletir sobre a natureza humana. Os seus espetáculos continuam se transformando mesmo após a estreia. Como esse processo funciona? Denise Stoklos - Meus trabalhos são sempre work in progress. As peças vão mudando, o público funciona um pouco como assistente de direção, não é apenas voyeur. É só depois de um ano em cartaz que a forma do espetáculo costuma se estabelecer. Há anos você trabalha praticamente sozinha, escrevendo, atuando e dirigindo. Por que essa opção? Denise Stoklos - Faço desse jeito desde criança, escolhendo aquilo que me toca. Me coloco como intérprete da minha situação histórica - não da minha pessoa, do meu ego, que é muito pequeno - mas do meu ser social. Acredito que possa contar a história do meu tempo através de mim e que isso reflita em cada um na plateia.

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